Resistência de Marcelo quase inviabilizou delação

Marcelo Odebrecht, preso há mais de um ano no Paraná, entrou em atrito com investigadores e até com os advogados da própria empresa durante reuniões de negociação de sua delação premiada no mês passado. O empresário alegou inocência em vários dos crimes atribuídos a executivos da empreiteira, mas, diante da possibilidade de ver enterrado seu acordo de cooperação, terminou por finalmente admitir participação direta nos delitos.

Procuradores do Ministério Público Federal comemoraram o desfecho dos depoimentos, afirma reportagem da Folha de S.Paulo, segundo a qual o momento de maior tensão nas tratativas foi na segunda das três entrevistas, em setembro.

“Nessa entrevista, inicialmente o empresário afirmou que não tinha responsabilidade sobre vários dos crimes apurados e questionou o fato de a pena dele ainda não estar sendo definida. Também culpou apenas funcionários da empresa pelas ilicitudes.

Já condenado na Lava Jato, ele comentou na reunião que um dos advogados da empresa havia dito que estava negociando com a força-tarefa para que ele saísse da prisão em três meses. Os procuradores negaram a possibilidade, o que o deixou irritado.

O empresário, então, passou a discutir com os defensores da própria empreiteira, gerando grande constrangimento. A reunião teve que ser suspensa. Os gritos eram ouvidos do corredor, segundo agentes da Polícia Federal no local.

Quando a entrevista foi retomada, Odebrecht disse aos procuradores que havia pensado no futuro de sua família e iria cooperar, revelando como havia atuado nos crimes.”

Segundo pessoas que convivem com Marcelo Odebrecht, o empresário teria ficado bastante abalado e deprimido após a delação.

Para profissionais que atuam no caso, ainda serão necessários mais 15 dias de negociação das penas, um mês e meio de depoimentos de delatores, além de outros 15 dias até que os termos cheguem ao ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, responsável pela aprovação do acordo.

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