Terapia genética para corações fracos

Uma terapia genética que promete reverter a insuficiência cardíaca e salvar a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo está prestes a entrar na fase final de testes com seres humanos. O tratamento tem como alvo um gene, chamado SUMO-1, ausente nos pacientes vitimas do mal. Este gene regula a atividade de outro, batizado SERCA2, que já havia sido identificado pelo mesmo grupo de pesquisadores da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai, EUA, como defeituoso nas pessoas com insuficiência cardíaca e cuja manipulação já está na etapa de ensaios clínicos com humanos.

2004-019655-_20040322

– A terapia genética com o SUMO-1 pode se tornar um dos primeiros tratamentos capazes de realmente encolher corações inchados e melhorar significativamente a função de sustento à vida do órgão danificado – afirma Roger J. Hajjar, líder dos estudos sobre ambos genes e principal autor de artigo que descreve o sucesso do uso da terapia em animais, publicado na edição desta semana da revista “Science Translational Medicine”. – Estamos ansiosos para começar a testar esta terapia genética nos nossos pacientes que sofrem com insuficiência cardíaca severa.

A insuficiência cardíaca é uma das principais causas de hospitalização de idosos e responde por cerca de 300 mil mortes anuais apenas nos Estados Unidos. Ela acontece quando o órgão fica fraco demais para bombear o sangue e fazê-lo circular pelo organismo, o que força o coração a trabalhar mais e leva a seu inchaço. Hajjar já pediu autorização da Agência de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA) para iniciar os testes do tratamento com o SUMO-1 em humanos e sua intenção é combiná-la com a terapia baseada no SERCA2, que acaba de passar pela fase 2 de testes clínicos nos EUA.

Segundo os pesquisadores de Mount Sinai, os SERCA2 produz uma enzima fundamental para que as células do coração se livrem do excesso de cálcio em seu interior, mas defeitos nele perturbam este processo, fazendo o coração sofrer. No tratamento em teste, uma cópia sem defeitos do gene é reintroduzida no coração por meio de um vírus inerte, isto é, cujo material causador de doenças foi retirado. Mas como o SUMO-1 ajuda na ação do SERCA2 sem necessariamente aumentar seus níveis no interior das células, o uso concomitante de ambas terapias agora parece ser mais promissor.

No estudo publicado esta semana, os pesquisadores descrevem como trataram animais apenas com a terapia direcionada ao SUMO-1, só com a que tem como alvo do SERCA2 e uma combinação das duas, com a última resultando em contrações cardíacas mais fortes, melhor fluxo sanguíneo e uma redução do volume do coração.

– As descobertas deste novo estudo reforçam o papel que o SUMO-1 tem na função do SERCA2 e destaca seu potencial numa terapia de substituição genética em pacientes com insuficiência cardíaca – conclui Hajjar. – Creio que este será um exemplo único de uma rápida translação de uma promissora terapia de sua descoberta inicial para testes pré-clínicos.

Fonte: O globo

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *