Grupos de luta contra Aids repudiam fala de Bolsonaro

Alguns dos principais grupos brasileiros de luta contra a Aids repudiaram, ainda ontem, a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que “uma pessoa com HIV, é uma despesa para todos aqui no Brasil”. Bolsonaro fez o comentário ao defender a ideia da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, de que a abstinência sexual deve ser apresentada como método contraceptivo. “O próprio Alexandre Garcia, ele fala que a esposa dele, que é obstetra, atendeu uma mulher que começou com o primeiro filho com 12 anos de idade. Outro com 15, e no terceiro, que a esposa dele atendeu, ela já estava com HIV. Uma pessoa com HIV, além do problema sério para ela, é uma despesa para todos no Brasil”, disse o presidente.

O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo (Foaesp) afirmou, em nota, que Bolsonaro explicita a “sua tradicional falta de empatia e sensibilidade”. Segundo a entidade, “o presidente reforça o preconceito e o estigma que há mais de 30 anos paira na opinião pública e que, a duras penas, a sociedade civil tenta desmontar”.

O Movimento de Luta Contra a Aids, afirma que a fala do presidente “rotula” e “ofende”. O grupo cobrou respeito. “Não podemos tolerar que depois de décadas de conquistas e de luta contra a discriminação, discursos ancorados em preceitos equivocados e preconceituosos, potencializem estigmas e processos de exclusão sociais ainda presentes no cotidiano das pessoas que vivem com HIV/Aids no Brasil. Acreditamos que estas manifestações, panfletárias, são estratégias adotadas pelo governo para desviar a atenção da população de questões e problemas emergentes que o país vive”, diz nota assinada pela Articulação Nacional de Luta contra a Aids; Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids; Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas; e Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans vivendo e convivendo com HIV/ Aids.

A Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia) afirmou que “não será por meio da divisão, do preconceito e da ignorância que construiremos uma resposta eficaz à epidemia do HIV/AIDS”. Em nota, a Abia afirma ainda que a fala de Bolsonaro veio na esteira de tentar “justificar o injustificável”: a equivocada política de abstinência sexual anunciada recentemente pela ministra Damares Alves. “A Abia enfatiza que políticas de abstinência não reduzem as taxas de infecção pelo HIV”, enfatiza.

A Frente Parlamentar Mista de Enfrentamento às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), do HIV/Aids e Hepatites Virais no Congresso Nacional também repudiou a declaração de Bolsonaro. Segundo a frente, uma declaração como a de Bolsonaro não pode ser tolerada. “O presidente Bolsonaro mais uma vez escolhe mentir e, ainda, revela preconceito tentando estigmar as políticas públicas aplicadas nos últimos anos, preconizadas por órgãos multilaterais e reconhecidas mundialmente no combate ao HIV”.

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