Devido à seca, escolas estão sem funcionar e 70% do rebanho foi dizimado em Senhor do Bonfim
Thalita Bezerra – Ação Popular
A reportagem do Ação Popular apresenta durante esta semana reportagens especiais sobre o quadro enfrentado pelos prefeitos na região norte da Bahia com relação a seca. O relato triste apresentado por cada prefeito mostra a falta de competência dos governos Estadual e Federal para contornar a situação. Eles afirmam ainda a burocracia nos corredores da CONAB para a liberação de grãos, o ruinismo político eleitoral para 2014, as incansáveis promessas a exemplo de projetos que jamais sairão do papel, dentre outros.
Nesta primeira matéria a reportagem mostra o quadro apresentado pelo vice-prefeito de Senhor do Bonfim, Renato Almeida de Souza (DEM).
Ele mostra o sofrimento da população. “Estamos em uma situação de emergência porque não temos água potável para o consumo humano, nem na sede e na zona rural. Hoje os bairros estão sendo abastecidos através de carros pipas e a sede com manobra de uma a duas vezes por semana. A população do interior é a que mais sofre porque não está tendo água para os animais e nem para o consumo humano”.
Segundo ele, devido à situação o município foi obrigado a entrar em alerta. “Não temos mais o que racionar porque não existe mais água e a cada dia a situação se complica obrigando família da zona rural a abandonarem suas casas a procura de sobrevivência na sede e outros centros. Aqui no sede é grande a quantidade de pessoas desempregadas, muitas foram obrigadas, também, a procurarem outros municípios para sobreviverem. A economia é voltada para a pecuária, e com isso, já perdemos mais de 70% do nosso rebanho. A maioria dos criadores não está tirando mais o leite, portanto a nossa situação é triste. Para complicar mais ainda o governo não colabora em ajudar os pequenos criadores”.
Renato afirma que as conseqüências estão afetando o comercio. “Com os prejuízos, todo o comércio está ficando comprometido. Até os pecuaristas estão tendo dificuldades quando transportam seus animais para as regiões sul e o sudeste porque lá sofrem também com a diminuição devido as condições que chegam até se adaptarem ao clima. Eles estão gastando suas ultimas economias”.
Ensino ameaçado
Parte das escolas foram obrigadas a fecharem as portas devido a situação. “É impossível as escolas funcionarem nestas condições na zona rural. Alguns açudes não tem mais condições de fornecer água porque foram transformados em lama e outros estão seco. Em outras unidades que restam os professores ameaçam paralisarem as atividades nos próximos dias.”
Programa ‘Minha casa, minha vida’ paralisado e trabalhadores desempregados
Com muita dificuldade, alguns projetos do Governo Federal foram implantados no município, mas diante da situação alguns foram paralisados a exemplo do programa ‘Minha casa, minha vida’. “São quase 400 pais de famílias desempregados. Toda a obra foi abandonada sem previsão de retorno. Parte do recurso que se encontra ainda na Caixa Econômica corre o risco de ser devolvido ao Tesouro Nacional caso não cumpra o prazo estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, com isso, o município será penalizado mais ainda”.
Superação
Na saúde, Souza tranquiliza a população afirmando que não faltará água no hospital. “Temos um poço artesiano contornando a situação”, acrescentando que o hospital melhorou em torno de 50% e não existem mais falta de médicos e medicamentos como antes. “O prefeito Edivaldo Martins resolveu os problemas pendentes deixado pelo ex-gestor”, alfinetou.
Promessas
Questionado sobre a possível execução do projeto Canal do Sertão Baiano que poderá beneficiar milhares de famílias na região, ele foi comedido. “Temos que acreditar, é o jeito!”