Com avanço da variante Delta, cidade do Rio tem primeira semana com alta no número de novos casos de Covid-19 desde maio
O 31º Boletim Epidemiológico da cidade do Rio, divulgado nesta sexta-feira (6), mostrou a primeira alta de casos de Covid-19 na capital fluminense desde a semana epidemiológica 21, que terminou em 29 de maio. Segundo o painel da prefeitura, houve um crescimento de 17% na quantidade de casos leves da doença entre as semanas 26 e 30 — fim de junho e fim de julho, respectivamente. A experiência do monitoramento epidemiológico mostra que o aumento de casos tende a se refletir no número de internações e de mortes entre três e quatro semanas depois.
— Após uma queda de várias semanas consecutivas, temos um pequeno aumento importante nas últimas semanas, e estamos monitorando. São casos, principalmente, de síndrome gripal (que é mais branda que a Síndrome Respiratória Aguda Grave, a SRAG) — explicou o subsecretário municipal de Vigilância em Saúde, Márcio Henrique Garcia.
A preocupação das autoridades se baseia principalmente no avanço da variante Delta, apontado como o principal fator para o novo aumento do número de casos de Covid-19. Mais contagiosa que as outras cepas do coronavírus, ela causou a primeira morte na cidade do Rio, a quinta no estado: a vítima na capital foi uma idosa de 87 anos. Ela tinha recusado a vacina “por decisão pessoal”, por medo de efeitos adversos, segundo a Secretaria municipal de Saúde.
Na capital, somente um outro idoso, de 65 anos, teve Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em decorrência da infecção pela variante Delta. Ele, que havia recebido a primeira dose de uma das vacinas contra a Covid-19, já recebeu alta médica. Mais 65 pessoas foram identificadas com a nova cepa no município, mas tiveram quadros mais leves e também estão curadas. Os dados corroboram pesquisas internacionais que atestam a importância da imunização contra a Covid-19.
De acordo com a Prefeitura do Rio, 95% dos internados com sintomas do novo coronavírus na capital hoje não tomaram sequer a primeira dose de uma das vacinas — números semelhantes aos já registrados em outras cidades do mundo, como Nova York (EUA).
— Avançamos muito na vacinação de 40 a 59 anos, e isso diminui a internação nesse grupo, assim como a internação global na cidade, que vem diminuindo bastante. Agora, temos uma situação que merece atenção: só 5% das pessoas que se internam tomaram pelo menos a primeira dose da vacina. Outros 95% dos internados não se vacinaram — alertou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, na divulgação do 31º boletim epidemiológico da cidade, ontem. — As vacinas funcionam, têm efeito, mas ainda há muita internação de quem não se vacinou por motivos diversos.
O prefeito Eduardo Paes (PSD) insistiu para que todos se vacinem na data prevista:
— Quem está sendo internado é quem não tomou a primeira dose. Isso mostra a força da vacina e a importância de ir tomar a sua dose.
Os números de internações e óbitos seguem com tendência de queda. No entanto, com mais diagnósticos de casos leves de Covid, todas as 33 Regiões Administrativas da capital foram classificadas como de alto de risco de contágio.
Segundo o Censo Hospitalar da cidade do Rio, a capital tinha, na tarde de ontem, 649 internações por Covid-19, sendo 473 pacientes em UTI e 176, em enfermaria. A taxa de ocupação operacional, a proporção de leitos ocupados em relação ao total de vagas disponíveis, estava em 89%.
— A gente já teve 1.400 internados na cidade. Temos capacidade hospitalar de aumentar o número de leitos se for necessário, de maneira bem flexível — disse Soranz.