O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoverá nesta segunda-feira (18), a primeira reunião ministerial do ano para cobrar da equipe o andamento de programas e ações no momento em que pesquisas indicam a queda de sua popularidade. Lula está à procura de uma marca para sua gestão neste ano de eleições municipais e tem consultado políticos e marqueteiros sobre como melhorar a comunicação do governo.
Foi com esse objetivo que o presidente se encontrou, na semana passada, com o publicitário Sidônio Palmeira, que assumiu o marketing da campanha petista de 2022 e foi responsável pelo slogan do terceiro mandato, batizado como “União e Reconstrução”. Conhecido por análises políticas aprimoradas, Sidônio disse, no fim de 2023, que a esquerda está “perdendo” a disputa com a direita nas redes sociais. As informações são do Estadão.
Sem entender os motivos da piora de sua avaliação quando a economia parece melhorar, apesar da alta no preço dos alimentos, Lula convidou ministros que foram governadores para um jantar na segunda-feira (11). Ele também se reuniu depois com dirigentes do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT e, ao tratar do cenário político polarizado, avaliou as negociações em curso sobre as candidaturas municipais.
A ordem é para o PT ceder a cabeça de chapa a partidos aliados no maior número possível de capitais e cidades com mais de 100 mil eleitores. Como contrapartida, essas legendas devem apoiar a candidatura de Lula à reeleição, em 2026.
Derrapadas tiram pontos do presidente
A reunião ministerial ocorre após uma sequência de crises no governo. Em fevereiro, Lula comparou o ataque de Israel na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler e suas declarações desencadearam um abalo internacional. Depois, disse estar “feliz” com a escolha da data para a eleição na Venezuela, marcada para 28 de julho – dia do aniversário de Hugo Chávez –, criticou a oposição e pediu “presunção de inocência” contra irregularidades cometidas por Nicolás Maduro.
Recentemente, a decisão do Executivo de suspender a distribuição de dividendos extraordinários, no valor de R$ 43 bilhões, aos acionistas da Petrobras, provocou uma perda de mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado para a empresa. Além disso, escancarou a disputa interna pelos rumos do terceiro mandato de Lula.
A pesquisa Quaest divulgada no último dia 6 preocupou o Palácio do Planalto. O levantamento mostra que a avaliação negativa do governo subiu cinco pontos percentuais (34%), encostando na positiva (35%).
A desaprovação do presidente, por sua vez, passou de 43% em dezembro para 46% agora. Entre os evangélicos, o índice de reprovação chega a 62%. Já o porcentual dos que aprovam o trabalho de Lula caiu de 54% para 51%. Outras pesquisas também identificaram problemas e fizeram acender o sinal amarelo no Planalto.
“É fundamental analisar essa fotografia sem desprezar os dados que traz, mas sem esquecer que há um filme muito positivo, desde o início do governo, de retomada das políticas sociais e do crescimento econômico”, disse ao Estadão o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
A tentativa de aproximação com os evangélicos tem sido conduzida por Padilha e pelos ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). Desde o ano passado, esse trio mantém conversas com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica.
“A agenda do governo não nos afasta deste segmento. Ao contrário: ela nos aproxima porque cuida das famílias e dos filhos. Então, vamos reforçar isso”, afirmou Padilha. “Sempre podemos avançar mais e o presidente Lula já demonstrou sua disposição de ampliar esse diálogo”, insistiu Messias, que comanda a AGU.
No fim do mês passado, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, precisou suspender uma nota técnica divulgada por sua pasta, que cancelava o prazo estabelecido no governo de Jair Bolsonaro para a prática do aborto legal. Nísia alegou ter tomado conhecimento do documento somente após o anúncio.
Diante da repercussão negativa, principalmente no meio evangélico, o Planalto pediu que a ministra revogasse a nota técnica. Nísia é alvo de críticas do Centrão, que quer derrubá-la e assumir sua cadeira. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes de partidos chegaram a enviar pedido de explicações a Nísia sobre critérios para distribuição de emendas da Saúde.
No encontro desta segunda, Lula também vai cobrar o andamento das ações de cada ministério nos municípios, sobretudo em São Paulo, Rio e Minas – os três maiores colégios eleitorais –, além do Nordeste. Sua intenção é viajar mais pelo Brasil neste ano eleitoral e fazer entregas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não é só: ele quer que os ministros também ponham o pé na estrada, inaugurem obras até julho, enquanto é permitido pela Lei Eleitoral, e entrem na campanha.