Após 6 jogos sem vencer, Goiás atropela São Paulo no Morumbi
Em uma noite pouco inspirada do time da casa, Goiás joga bem, aproveita contra-ataques e impõe primeira derrota do São Paulo no Morumbi
O São Paulo conseguiu despertar revolta nos torcedores que foram ao Morumbi na noite deste sábado. Jogando muito mal, o time novamente modificado por Juan Carlos Osorio acabou derrotado por 3 a 0 pelo Goiás (com gols de Bruno – contra – e Erik – duas vezes) e escutou gritos de “amarelão”, “Lugano” e “vergonha”, entre outros desabafos contra os mais variados alvos.
A primeira derrota do São Paulo no Morumbi durante o Campeonato Brasileiro pode tirá-lo da zona de classificação para a Copa Libertadores da América com a sequência da última rodada do turno. Ainda com 31 pontos ganhos, a equipe tem o seu quarto lugar ameaçado por Fluminense, Sport e Palmeiras.
A preocupação com o Brasileiro, no entanto, será adiada nesta semana. O São Paulo iniciará o confronto de quartas de final da Copa do Brasil, contra o Ceará, na noite de quinta-feira, no Morumbi. Também em seu estádio, receberá o Flamengo no domingo de 23 de agosto.
Já o Goiás subiu para os 19 pontos e ganhou ânimo na luta contra o rebaixamento para a Série B. Na noite de terça-feira, o time dirigido por Julinho Camargo enfrentará o Brasília, no Mané Garrincha, pela Copa Sul-americana. O adversário do sábado que vem, pelo Brasileiro, será o lanterna Vasco, no Serra Dourada.
O jogo
O clima era inicialmente de apoio ao São Paulo no Morumbi. Breno lesionou a coxa esquerda logo aos cinco minutos de partida e teve o seu nome entoado com entusiasmo pelo público presente ao ceder lugar a Rafael Toloi – embora, àquela altura, o Goiás já fosse melhor em campo.
Aproveitando-se da postura do mais uma vez muito mudado time de Juan Carlos Osorio (que se expunha mesmo com três zagueiros e quase não criava), os visitantes incomodavam o goleiro Renan Ribeiro sempre que avançavam em velocidade. Aos 20 minutos, um desses contra-ataques quase resultou em gol. Renan Ribeiro chutou cruzado, buscando o canto, e o substituto do contundido Rogério Ceni fez grande defesa. David bateu em cima de Edson Silva na sobra de bola.
Cinco minutos mais tarde, ocorreu o que já se mostrava inevitável. Erik correu pela direita com liberdade, invadiu a área e cruzou rasteiro. Felipe Menezes apareceu lá dentro para desviar de carrinho. A bola ainda tocou em Bruno antes de entrar.
Percebendo a falha na sua estratégia para o jogo – o São Paulo não havia finalizado nem uma vez sequer até então –, Osorio resolveu entrar em ação. Adiantou Lucão para o meio-campo e trocou o 4-4-2 pelo 3-5-2, o que finalmente tornou a sua equipe mais perigosa (quando Bruno não errava pela direita e irritava os torcedores que estavam mais próximos).
Aos 34, Alexandre Pato fez grande enfiada para Ricky Centurión, que ficou diante do gol, porém parou em uma boa intervenção Renan. Já em seguida, o argentino voltou a receber assistência do parceiro de ataque, desta vez do lado esquerdo da área, e concluiu alto. O goleiro espalmou para fora.
Apesar de ter melhorado, o São Paulo ainda oferecia espaços ao Goiás. E sofreu o segundo gol antes do intervalo. Aos 44 minutos, Felipe Menezes levantou a bola com categoria, e a defesa do time do Morumbi parou. Erik teve tranquilidade para completar o lance na saída de Renan Ribeiro.
O segundo gol do Goiás esgotou a paciência da torcida do time de três cores, com protestos em coro contra quem considerava “amarelão”. Também se escutou o nome de Lugano, ídolo uruguaio que teve o seu retorno ao São Paulo vetado por Osorio e pelo vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro. Por fim, vaias.
Na tentativa de reconquistar o bom futebol e a torcida, Osorio decidiu mandar o São Paulo ao ataque no segundo tempo. Edson Silva saiu para a entrada de Paulo Henrique Ganso, sob aplausos de alguns e berros de “raça” da maioria.
Mesmo com alguns sinais de que seria diferente na etapa complementar, o São Paulo continuou a assustar na defesa. Aos sete minutos, Murilo arrancou livre de marcação depois de mais um belo lançamento de Felipe Menezes, entrou na área e só não marcou o terceiro gol do Goiás porque foi contido por Renan Ribeiro.
Insatisfeito – com motivos –, Osorio voltou a mexer no São Paulo, com Thiago Mendes na vaga de um vaiado Hudson. No Goiás, Bruno Henrique havia substituído Murilo pouco antes. O que não mudava era o panorama do jogo. Aos 17, Erik novamente avançou nas costas da defesa adversária, mas desperdiçou na frente de Renan Ribeiro.
Erik teria outra chance para marcar – e não desperdiçaria. Aos 31 minutos, Bruno Henrique foi lançado por David nas costas de Michel Bastos e cruzou. O atacante do Goiás, em novo vacilo da defesa do São Paulo, cabeceou para sacramentar o 3 a 0 no placar do Morumbi.
Já sem esperanças, os torcedores do São Paulo dedicaram os últimos minutos da partida a extravasar a sua raiva. Exaltaram Rogério Ceni e outra vez Lugano, além de ofender quem estava em campo pelo time derrotado pelo Goiás – principalmente, Ganso.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 0 X 3 GOIÁS
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 15 de agosto de 2015, sábado
Horário: 21 horas (Brasília)
Árbitro: Marielson Alves Silva (BA)
Assistentes: Alessandro Rocha de Matos (BA) e Pablo Almeida da Costa (MG)
Público: 25.452 pessoas
Renda: R$ 653.059,00
Cartão amarelo: Paulo Henrique Ganso (São Paulo)
Gols: GOIÁS: Bruno (contra), aos 25, e Erik, aos 44 minutos do primeiro tempo; Erik, aos 31 minutos do segundo tempo
SÃO PAULO: Renan Ribeiro; Lucão, Breno (Rafael Toloi) e Edson Silva (Paulo Henrique Ganso); Bruno, Hudson (Thiago Mendes), Wesley, Michel Bastos e Carlinhos; Centurión e Alexandre Pato
Técnico: Juan Carlos Osorio
GOIÁS: Renan; Gimenez, Fred, Felipe Macedo e Diogo Barbosa; Rodrigo, Patrick, David e Felipe Menezes; Erik (Liniker) e Murilo (Bruno Henrique)
Técnico: Julinho Camargo