Sócrates foi acusado de ser ateu e de se associar aos sofistas, ensinando os jovens a serem selvagens e desrespeitosos e, com isso, corrompendo a juventude.
O filósofo também foi acusado de ser contra a democracia, por estimular as pessoas a pensar, questionar as regras e desenvolver o lado intelectual.
O Conselho dos Quinhentos, órgão político democrático ateniense, condenou Sócrates à morte por ele não ter acreditado nos deuses da cidade. Porém, ele poderia ter outra opção de pena. O pensador disse que preferia a morte do que desmerecer toda a sua capacidade filosófica.Após sua condenação, Sócrates foi levado para a prisão ateniense, onde passou seus últimos dias calmo, acompanhado pelos seus discípulos mais próximos. Diferente do que muitos esperavam, ele não tentou fugir nem pediu clemência. Sua firmeza perante a morte surpreendeu até seus inimigos, pois ele via seu destino não como um castigo, mas como a consequência natural do seu compromisso com a verdade e a virtude.
Um dos seus seguidores mais leais, Criton, ofereceu-lhe a possibilidade de fugir, subornando os guardas. No entanto, Sócrates rejeitou a ideia com firmeza, argumentando que um verdadeiro filósofo deve respeitar as leis, mesmo quando elas são injustas. Para ele, fugir significaria trair seus próprios princípios e mostrar que sua vida filosófica tinha sido uma farsa.
Na sua última conversa, narrada no Fedon de Platão, Sócrates falou sobre a imortalidade da alma e a natureza da morte. Explicou que a morte não deveria ser temida, pois a alma do sábio simplesmente se liberta do corpo e alcança uma existência superior. Seus discípulos, embora devastados pela sua partida, ficaram impressionados com sua serenidade e sua disposição para morrer com dignidade.
Quando chegou a hora de beber a cicuta, Sócrates fê-lo sem hesitações. Ele andou por alguns momentos até que o veneno começou a entorpecir seu corpo. Suas últimas palavras foram dirigidas a Criton: “Criton, devemos um galo a Asclépio. Pague-lhe e não negligencie a dívida. ” Esta frase foi interpretada de várias maneiras, mas muitos acreditam que ela aludia a morte como uma libertação, um ato de cura definitiva para a alma.
Assim morreu Sócrates, aos 70 anos, rodeado pelos seus discípulos e deixando um legado que marcaria o curso da filosofia ocidental. Sua morte não foi o fim do seu pensamento, mas o início da sua imortalidade intelectual, transmitida por Platão, Aristóteles e todos os que seguiram seus ensinamentos.
Considerado um dos maiores nomes da Filosofia clássica, junto com Platão e Aristóteles, Sócrates é famoso por ter contribuído para os primeiros estudos dessa área, sendo considerado, inclusive, patrono da filosofia ocidental.
Além de escultor, Sócrates serviu ao exército ateniense durante três temporadas. Depois que se aposentou, passou a exercer os dons pelos quais é mais conhecido: o de educador e de filósofo.
Ao contrário dos pré-socráticos, que discutiam questões relacionadas à natureza, Sócrates e os socráticos apreciavam analisar questões humanas, seus valores, verdades e fundamentos.
Para os socráticos, os homens fariam melhor se investigassem a si mesmos: a verdadeira descoberta estava no interior da alma humana, e não fora dela.
O filósofo foi tido por muitos como um homem sábio justamente por assumir não saber de nada. A frase mais célebre atribuída a ele é: “Só sei que nada sei”.