Bridget Bishop, com seus sessenta anos, três casamentos e uma língua afiada, foi a primeira vítima da paranoia coletiva que transformou Salem em um palco de histeria e morte. Conhecida por manter seu nome de solteira , algo considerado indecoroso para a época, Bridget era um alvo fácil em uma sociedade que via o incomum como demoníaco.
Sua reputação foi manchada por rumores que a tornaram quase uma figura folclórica: diziam que ela se materializava nos quartos dos homens da aldeia, fazia maçãs levitarem e atravessava portas trancadas com a facilidade de quem passa por uma cortina. As acusações de “torturar meninas” e “ameaçar de morte” eram o combustível perfeito para a caça às bruxas que estava apenas começando.
O “evidente” terceiro mamilo, a suposta marca do diabo, foi apontado por um júri de mulheres durante sua inspeção corporal. Mas o que inicialmente parecia uma prova irrefutável desapareceu na segunda revista. Claro, isso não importava; em Salem, a lógica era tão escassa quanto a compaixão.
Condenada à morte, Bridget foi enforcada em 10 de junho de 1692, inaugurando uma temporada de terror que ceifaria a vida de dezenas de pessoas. No total, a caça às bruxas de Salem resultou em 19 pessoas enforcadas e uma esmagada até a morte com pedras. Mais de 150 pessoas haviam sido julgadas, e muitas delas, condenadas, morreram em prisões desumanas daquela época.
O nome de Bridget permanece como um símbolo da irracionalidade e do perigo de sociedades intoxicadas pelo medo e pela intolerância.
Uma gravura da época ilustra sua execução, imortalizando não apenas sua morte, mas também o início de um dos capítulos mais sombrios da história americana: a obsessão por caçar “bruxas” que nunca existiram.
Texto: Ph Máximo ( A história Esquecida)