Chama o Mourão

Por Arthur Cunha 

Este governo recém-nascido é tão, mas tão surreal, que um personagem com o perfil do general Hamilton Mourão acabou se tornando o mais apaziguador da turma que forma o entorno do presidente. Vocês não leram errado, não. É isso mesmo! O outrora falastrão candidato a vice, afeito às declarações desastrosas, é, hoje, a figura de proa mais moderada dessa administração; a quem – pasmem! – os demais generais do Exército e representantes do primeiro escalão recorrem na hora de tentar apagar os incêndios causados, justamente, por quem deveria ser o mais ponderado do grupo: o senhor Jair Bolsonaro.

Com viagem marcada ao Recife, onde receberia, hoje, o título de cidadão na Câmara Municipal, o vice-presidente teve de cancelar a agenda às pressas para ficar em Brasília. O motivo, como este blog antecipou com exclusividade, foi o fato dele ter sido convocado para contornar mais uma crise criada pelo chefe. Em um discurso de apenas cinco minutos – imagina se ele fala mais?! –, Bolsonaro conseguiu dizer que só há Democracia no Brasil porque as Forças Armadas querem. Pronto, a fala caiu como mais uma bomba e gerou um novo imbróglio na República. “E agora, quem poderá nos ajudar?”, perguntaram na Caserna. “Chama o Mourão!”, devolveram os generais.

Já que é indemissível, o vice pode passar os recados da cúpula do Exército a Bolsonaro, além de expressar as suas próprias opiniões com mais liberdade que os ministros, por exemplo. A crescente preocupação com os rompantes do presidente, seu gênio indomável e a influência negativa dos seus filhos trapalhões está chegando ao chefe do Executivo pelo seu segundo em comando. A crise do golden shower no Carnaval, somada às declarações de ontem, jogaram mais lenha na fogueira dos que já falam em Impeachment. Nem a Live que Bolsonaro fez conseguiu abafar o assunto.

O problema maior é se Mourão, a exemplo de Michel Temer, for picado pela Mosca Azul do poder e passar a desejar a cadeira de Bolsonaro (se já não foi); começando a tramar com militares insatisfeitos e congressistas revoltados o afastamento do zero um. Motivo para tal não é bem um empecilho. Se não tiver, se arruma – vide as “pedaladas” de dona Dilma Rousseff. Em um governo imponderável como o atual, tudo pode acontecer. É torcer para que todos se acalmem. Afinal, já temos muitos gargalos para solucionar e uma crise econômica para superar. (Blog do magno)

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