Cinco estados mantêm greve de professores
Na avaliação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a principal dificuldade é conseguir reajuste salarial. “Este ano, quem estava em greve pela manutenção de direitos tem conseguido mantê-los, o mais difícil é a questão salarial com essa conjuntura que estamos vivendo”, afirma Marta Vanelli, secretária-geral da CNTE. Para ela, a justificativa de redução na arrecadação financeira apresentada pelos governos estaduais não é satisfatória, uma vez que estados tradicionalmente mais pobres têm conseguido cumprir seus compromissos. Marta defende que as greves só devem ter fim quando os governos cederem. “Não dá para retornar ao trabalho de cabeça baixa”, completa.
Para Roberto Magno Botarelli, presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul (Fetems), os atos pelo país têm fortalecido a categoria. O sindicato decide na próxima quinta-feira se entra em greve. “Não vamos aceitar, em momento algum, a retirada de direitos dos trabalhadores da educação. Se o governo quiser que a gente faça uma mobilização, como no Paraná, nós vamos parar esse estado”, ameaçou. A Fetems aguarda proposta do Executivo até quarta-feira. Botarelli acredita que o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) “sentiu o peso da mobilização”, que tem pautas similares à de outros estados em greve, quatro deles também com governos tucanos. A Secretaria de Educação informou que “espera que as negociações possam avançar e evitar a paralisação das aulas da rede estadual”.
Pressão
Um dia após o governo de Beto Richa (PSDB), no Paraná, encerrar as negociações com os sindicatos dos servidores públicos, os professores continuam sem ceder. De acordo com Marlei Fernandes, diretora financeira do sindicato local, “a luta geral dos trabalhadores está muito forte, e a sociedade reconhece essa luta”. Ela acredita que o endurecimento na posição do Executivo não é o caminho para dar fim à greve. Além de definir o reajuste em 5%, abaixo dos 8,4% reivindicados pelos docentes, foi definido corte no salário de grevistas e abertura de processo seletivo para contratação de temporários. “Tem sido uma linha geral de criminalizar o movimento e interromper a negociação. Os governos têm reagido de formas parecidas nos estados”, afirma Marlei. Será realizada reunião dos servidores na próxima terça-feira. Em 29 de abril, cerca de 200 pessoas ficaram feridas — a maioria de professores — em protesto em Curitiba.