CNBB pede campanha por reforma política

No Grito dos Excluídos, em Aparecida (SP), o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Raymundo Damasceno, defendeu ontem uma campanha nacional pela reforma política. Damasceno convocou os brasileiros “a participar de um abaixo-assinado que começará a ser feito no País exigindo a reforma política”.

O presidente da CNBB citou pontos genéricos da proposta da Igreja: “Eleições limpas, evitando a influência dos poderes econômicos nas campanhas, mudança no sistema eleitoral, aperfeiçoamento da democracia por meio de referendos e plebiscitos, melhor representação da sociedade na política e melhoria do sistema partidário”. A CNBB lidera a Campanha Eleições Limpas, com apoio de entidades como o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a Ordem dos Advogados do Brasil e diversos outros grupos da sociedade civil.

Após os protestos de rua que se espalharam pelo País em junho, a presidente Dilma Rousseff levantou o tema da reforma política ao propor um plebiscito para a convocação de um processo constituinte específico destinado a fazer as mudanças. A proposta, porém, não prosperou no Congresso Nacional.

O tema da 19ª edição do Grito dos Excluídos foi juventude. A intenção dos organizadores era justamente vincular os atos pelo País às mobilizações iniciadas há três meses. “Os jovens ainda são maioria da nossa população e são um grande potencial para a renovação da sociedade e da Igreja”, disse Damasceno na principal missa do dia.

A descentralização da passeata do Grito dos Excluídos provocou um esvaziamento do movimento em Aparecida. Aproximadamente 800 manifestantes compareceram ao ato no pátio do Santuário Nacional, segundo a Polícia Militar.

Em São Paulo, o ato também atraiu um público inferior ao de anos anteriores. Cerca de 1.500 pessoas, segundo a Policia Militar, participaram de duas marchas na capital. A maior delas, que reuniu mil manifestantes, deixou a Avenida Paulista e seguiu até o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera.

A outra saiu da Praça da Sé e terminou no Museu do Ipiranga. O clima dos dois eventos foi pacífico, sem incidentes. Em 2012, cerca de 3 mil pessoas compareceram ao Grito dos Excluídos em São Paulo.

O ato que deixou a Sé foi composto por diversas organizações de esquerda, entre partidos, sindicatos, juventude, movimento negro e movimentos de moradia. Nas faixas e cartazes, as pautas eram diversas. Antes, uma missa foi celebrada na Catedral da Sé pelo arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer. Ele criticou a corrupção e a violência, inclusive a do Estado.

“Faço uma conclamação a unirmos forças e esforços por um Brasil bom, que supere suas mazelas históricas. Ainda há tantas situações de pobreza, miséria e injustiça social. Situações de corrupção em que o bem público é desviado para servir a interesses privados”, disse. “Há situações de violência, que são também estruturais, há uma força paralela que vive dentro do Estado e oprime a sociedade.”

Atos transcorreram de forma pacífica em outras capitais do País. Em Salvador, mesmo sob chuva, o evento reuniu cerca de 2 mil pessoas no fim da manhã. No Recife, 800 manifestantes participaram do protesto marcado por críticas à presidente Dilma, ao governador Eduardo Campos (PSB) e ao prefeito da cidade, Geraldo Julio (PSB). (Estado de S. Paulo)

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