Cuidado com a família, os falsos e leais amigos, e os bajuladores

Sem a pretensão de querer dar “conselho” ao presidente da República, mas também com a autoridade de quem já teve nacos de poder nas mãos como a Secretaria da Fazenda, a prefeitura do Recife, o Governo do Estado e o Ministério do Meio Ambiente, o pernambucano Gustavo Krause enumerou recentemente na Rádio CBN do Recife quatro fatores em relação aos quais os governantes devem ter cuidado: a família, os falsos e os verdadeiros amigos e, finalmente, os bajuladores. Bolsonaro não tem tido problema com os três últimos porque não tem falsos nem leais amigos, e nem tampouco bajuladores.

Passou 28 anos na Câmara Federal e durante esse período não conseguiu fazer um único amigo. Não se aproximava dos colegas, nem os colegas se aproximavam dele. Há centenas de deputados com quem ele nunca trocou uma palavra porque não tinha interesse em aproximação. Ocupava seu tempo fazendo discursos contra o PT, Lula e as esquerdas e elogiando personalidades que se destacaram na ditadura militar como o coronel torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Esse era o Bolsonaro conhecido no Congresso. No entanto, convém destacar o grau de influência exercido pelos filhos do presidente no governo do pai, por mais que ele negue esta evidência. O filho mais velho, o “zero um”, deputado reeleito por São Paulo, andou pelos EUA cumprindo agenda típica de chanceler e ficou tudo por isso mesmo.

O do meio, o “zero dois”, está enrolado até o gogó com milicianos do Rio de Janeiro e o Conselho de Atividades Financeiras (COAF) e o terceiro, o “zero três”, demitiu recentemente o ministro Gustavo Bebbiano da Secretaria de Governo da Presidência da República após chamá-lo de mentiroso. Áudios divulgados posteriormente pela revista “Veja” mostram que o ministro falou a verdade quando disse que em determinado dia de fevereiro falara três vezes com o presidente da República. Carlos Bolsonaro negou, teve o endosso do pai, mas soube-se depois que foi tudo verdade. Fica portanto o alerta de Krause para quem é neófito no poder: “Cuidado com familiares intrusos porque eles têm capacidade de levar o governante ao suicídio, como fizeram com Getúlio Vargas”. (Inaldo Sampaio)

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