Dieta rica em gorduras afeta sensibilidade do estômago

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O estômago possui nervos especialmente voltados para transmitir ao cérebro a informação que ele está cheio de comida, gerando a sensação de saciedade. Um novo estudo publicado nesta segunda-feira na revista International Journal of Obesity mostrou que a atividade desse nervo pode ser modificada por dietas ricas em gordura, que fazem com que ele perca sua sensibilidade, levando a uma ingestão maior de alimentos. Essa insensibilidade persiste mesmo após o paciente perder peso e emagrecer — o que explicaria a dificuldade que algumas pessoas têm de manter a forma após encerrar uma dieta.

Em um estudo de laboratório, os pesquisadores analisaram a sensibilidade dos aferentes vagais gástricos — responsáveis por transmitir para o sistema nervoso as mensagens vindas do estômago — e sua sensibilidade à leptina, o hormônio que regula a saciedade.

Assim, descobriram que, no longo prazo, uma dieta rica em gordura faz com que esses nervos percam gradativamente a sensibilidade. “O pior é que os nervos do estômago não retornam ao normal após o regresso a uma dieta comum. Isso significa que o indivíduo ainda vai precisar ingerir mais comida antes de sentir o mesmo grau de saciedade que um indivíduo saudável “, diz Amanda Page, pesquisadora da Universidade de Adelaide, na Austrália, e autora do estudo.

Além disso, os cientistas descobriram que a ação da leptina também contribui para alterar a transmissão dos sinais de saciedade para o cérebro. “Em condições normais, a leptina age para que a pessoa encerre o consumo de alimentos. No entanto, em estômagos submetidos a dietas de elevado teor de gordura, ela acaba contribuindo para dessensibilizar os nervos que detectam saciedade”, diz a pesquisadora. “Esses dois mecanismos combinados significam que as pessoas obesas precisam comer mais para se sentir cheias, o que contribui para dar seguimento ao ciclo da obesidade.”

Dietas — Segundo os cientistas, a pesquisa pode ajudar a tratar tanto pacientes obesos que tentam perder peso quanto pacientes que já conseguiram emagrecer e tentam manter a nova forma. “Nós sabemos que apenas 5% das pessoas que passam por dietas são capazes de manter sua perda de peso, e que a maioria dessas pessoas acaba engordando novamente dentro de dois anos”, diz Amanda Page.

A pesquisadora afirma que são necessárias mais pesquisas para descobrir se a perda de sensibilidade dos nervos do estômago é permanente ou pode ser revertida de algum modo. “Nós precisamos de mais pesquisas para determinar por quanto tempo dura esse efeito e se há alguma maneira — química ou não — para enganar o estômago e fazê-lo voltar à sua sensibilidade normal”. (Veja)

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