Doença rara transmitida por mosquito ameaça rebanhos

Produtores de ovelhas do estado estão em alerta: uma doença rara, conhecida como Vírus da Língua Azul (VLA), incomum no Brasil, está atacando animais no Sul Fluminense. O mal atacou o rebanho do maior produtor comercial de ovino leiteiro da região, em Vassouras, o pecuarista Pedro Porto. Dos 150 exemplares dele, 112 foram contaminados e 28 já morreram. Nas redondezas da fazenda há dezenas de pequenos criadores de ovinos. A doença tem 26 diferentes sorotipos espalhados no mundo e a transmissão é através do mosquito conhecido como maruim ou pólvora.

“Minhas instalações estão interditadas pela Defesa Sanitária Animal (da Secretaria de Estado de Agricultura). Meu prejuízo é astronômico. As autoridades estaduais e federais, porém, fazem vista grossa para um problema sério. O Ministério da Saúde não autoriza a importação da vacina, fabricada na Espanha”, lamenta Pedro. Ele alega ter perdido mais de R$ 500 mil com a morte dos animais e com os prejuízos com investimentos em equipamentos e instalações.

Paulo Henrique Moraes, superintendente estadual de Defesa Agropecuária, diz que não há motivo para alarme. “Seis propriedades estão sendo monitoradas e não há risco de surto”, garante Moraes.

Diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura (Mapa), Guilherme Marques, por sua vez, assinou nota técnica no dia 8 deste mês, argumentando que o problema em Vassouras é um caso isolado, e que a importação da vacina reivindicada por pecuaristas foi vetada porque “ainda é preciso pesquisas para saber a real eficácia e segurança dela”.

Mas pesquisadores da Universidade Federal Fluminense dizem que é preciso adotar medidas para se evitar a propagação da doença.

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UFF pede mais atenção

Especialistas e veterinários da Universidade Federal Fluminense que detectaram o vírus em fevereiro em Vassouras, discordam das autoridades do estado e da União. O pesquisador Mário Balaro, do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Caprinos e Ovinos da UFF , e um dos responsáveis pelo diagnóstico, ressalta que só a interdição da propriedade de Pedro Porto não é suficiente para se evitar um surto.
“É primordial a adoção de diversas medidas para o controle epidemiológico. Apresentamos um plano de contingência baseado em modelos internacionais às autoridades”, diz. Ele acredita que a VLA é endêmica em grande parte do país desde 1978, mas é subnotificada, já que os sintomas são facilmente confundidos com outras doenças. Pedro Porto concorda: “Não podem tratar uma enfermidade transmitida por mosquito como caso isolado. Só se eu colocar telas ao redor e sobre toda minha propriedade”. Outro pólo de produção de leite de ovelha fica em Miguel Pereira, a apenas 20 quilômetros de Vassouras. (O Dia)

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