Esquerdista López Obrador eleito presidente do México

 

Instituto Nacional Eleitoral divulgou uma projeção de resultado final que aponta esquerdista com 53% dos votos. Mais cedo, rivais admitiram derrota depois dos números da pesquisa de boca de urna.

Por G1

O ex-prefeito da Cidade do México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador foi escolhido como novo presidente do México nas eleições deste domingo (1º), de acordo com o Instituto Nacional Eleitoral em comunicado na madrugada desta segunda-feira (2).

Segundo uma projeção do resultado final da autoridade eleitoral do país, chamada de ‘contagem rápida’, o próximo presidente deve encerrar a apuração com a porcentagem de votos entre 53% e 53,8%. As pesquisas de boca de urna indicavam vitória de Obrador com cerca de 45% dos votos. Logo após a divulgação, os rivais na disputa já haviam reconhecido a derrota.

Por volta das 1h, com pouco mais de 2% das urnas apuradas, Obrador tinha 47,18%. O segundo colocado, Ricardo Anaya Cortés tinha 27,29% da preferência do eleitoral, seguido pelo governista Antonio Meade que aparecia com 16,61%. No país, o vencedor é eleito em votação única, sem 2º turno.

O presidente norte-americano Donald Trump parabenizou Obrador em uma mensagem em sua conta no Twitter. “Parabéns a Andrés Manuel Lopez Obrador por se tornar o próximo presidente do México. Estou muito ansioso para trabalhar com ele. Há muito a ser feito para beneficiar tanto os Estados Unidos quanto o México”, tuitou.

Obrador é o primeiro presidente de esquerda do México em décadas, rompendo o controle do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) e de seus adversários conservadores.

Além da eleição para presidente, quase 89 milhões de mexicanos foram às para escolher governadores, prefeitos e deputados locais e federais, entre os mais de 18 mil cargos em disputa. As seções eleitorais foram abertas às 9h e se fecharam às 20h, pelo horário de Brasília.

Promessas e desafios

López Obrador é um firme crítico da elite governista que prometeu erradicar a corrupção no país e pacificar o país assolado pela violência.

Combinando promessas de campanha com um panorama da história política do México, López Obrador prometeu em evento de final de campanha um governo “radical” que irá acabar com privilégios, erradicar a impunidade e encher o país de “autoridade moral”.

“O país será limpo”, disse López Obrador no Estádio Azteca, o maior estádio de futebol do México, com seus 87 mil assentos quase lotados. “O principal problema do México é a corrupção. Esta é a principal causa de desigualdade econômica, a corrupção desatou a insegurança”, declarou o candidato sob aplausos.

Os desafios de López Obrador serão gigantescos: além de combater a corrupção, deverá cumprir sua promessa de “pôr no seu lugar” o presidente americano, Donald Trump, que ameaçou romper o Tratado de Livre Comércio com o México por considerar que o país latino-americano não é suficientemente duro com a imigração ilegal.

Sua equipe econômica tem dito a investidores que ele não é um radical de esquerda e lutará para preservar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), grupo formado também por EUA e Canadá e que o presidente americano Donald Trump ameaçou com medidas protecionistas.

Carlos Urzua, escolhido por López Obrador para comandar o Ministério das Finanças, disse que se reuniu com mais de 65 fundos de investimento, dizendo a eles que o candidato está comprometido a dar autonomia ao banco central, uma livre flutuação de moeda, livre comércio e manter um controle sobre gastos.

Recorde de violência

O México encerrou sua campanha eleitoral como recorde da “mais violenta” dos últimos anos, segundo um informe da consultoria Etellekt. Desde setembro, quando começou a pré-campanha, houve 124 políticos assassinados, entre eles 29 pré-candidatos e 18 candidatos, segundo balanço da empresa e de veículos locais, citado pela AFP.

Vários candidatos consultados pela agência reconheceram fazer sua campanha com medo e alguns deles decidiram contratar seguranças.

A violência eleitoral se soma à que diariamente angustia os mexicanos, que fecharam 2017 com a cifra recorde de 25.339 assassinatos.

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