Estudo descobre como antecipar diagnóstico de Alzheimer

Segundo pesquisadores, alteração presente em líquido que envolve o cérebro e a medula pode indicar desenvolvimento do distúrbio muito antes dele se manifestar. Apesar de importante, no entanto, descoberta não trará benefícios imediatos

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Uma descoberta publicada no periódico Annals of Neurology pode significar um grande avanço em um dos aspectos mais problemáticos do Alzheimer: seu diagnóstico. Atualmente, não existe um modo seguro e definitivo de identificar o distúrbio; por esse motivo, os médicos diagnosticam seus pacientes com Alzheimer tendo como base apenas um conjunto de sintomas.

O indicador apontado pelos cientistas está no líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal, chamado líquido cefalorraquidiano. Os cientistas defendem a tese de que uma diminuição no DNA mitocondrial presente nesse líquido pode ser um sinal do desenvolvimento do Alzheimer.De acordo com pesquisadores do Instituto de Pesquisa Biomédica de Barcelona, porém, dez anos antes de os sintomas se manifestarem nos pacientes, é possível encontrar um indicador da doença no organismo.

Segundo eles, essa diminuição de DNA mitocondrial é um reflexo do mau funcionamento das mitocôndrias dos neurônios. Como as mitocôndrias são responsáveis pela respiração celular, seu mau funcionamento leva à morte das células — no caso, das células nervosas. Em outras palavras, a diminuição do DNA mitocondrial sugere a perda de neurônios.

Mais completo — A melhor tentativa de prever o aparecimento do Alzheimer por meio de marcadores biológicos até agora havia sido feita por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, em julho de 2012. Em um estudo publicado no New England Journal of Medicine, os americanos revelaram que as alterações biológicas e estruturais relacionadas ao Alzheimer no cérebro se iniciam até 25 anos antes das primeiras manifestações sintomáticas.

Mas a pesquisa espanhola, apesar de detectar a doença com menos tempo de antecedência, é mais abrangente, capaz de prever todos os tipos de Alzheimer. “Ainda não se sabe se as alterações verificadas nos cérebros de indivíduos afetados pelo tipo familiar do Alzheimer [forma mais rara que ocorre em indivíduos mais jovens, que desenvolveram a doença por conta de uma herança genética], são encontradas também nos cérebros dos pacientes acometidos pelo outro tipo de Alzheimer, o esporádico [mais comum e desenvolvido por uma série de fatores ainda incertos]. Estudos estão sendo conduzidos para tentar esclarecer essa pergunta”, afirma Ramon Trullas, um dos autores responsáveis pelo projeto espanhol, em entrevista ao site de VEJA.

Segundo Trullas, os resultados da pesquisa espanhola vão além e podem ser aplicados aos dois tipos do distúrbio, esporádico e familiar, tornando o ainda mais preciso do que o trabalho americano realizado anteriormente. “Agora, gostaria de enfatizar que o próximo passo é testar nossa descoberta em outros hospitais e diferentes grupos de pessoas”, diz.

Fonte: Veja

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