Fórum propõe reajuste de foco na política para a fotografia

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Nesta segunda, 19, quando se comemora o Dia Internacional da Fotografia, ainda são, principalmente, os nomes de Mario Cravo Neto (1947-2009) e do francês Pierre Verger (1902-1996) que cruzam as fronteiras da Bahia e seduzem o mercado.

O isolamento do Estado em relação à fotografia e, até mesmo, um retrocesso de sua representatividade no País, devem-se em parte à ausência de  políticas públicas.

De acordo com o fotógrafo Aristides Alves, um dos fundadores do grupo FotoBahia (que realizou importantes mostras coletivas nos anos 1970 e 1980),  não há muito o que se comemorar por aqui.  “Há muito tempo a Bahia está fora do eixo dos acontecimentos nacionais de fotografia”, afirma.

E não apenas: muitos projetos não conseguem apoio para ser realizados e acervos importantes para a história da Bahia correm riscos. Trabalhos como os do pioneiro Anísio Carvalho (primeiro fotojornalista negro baiano), Vavá (1948-1990) e Voltaire Fraga, por exemplo.

“São acervos de extrema importância para a compreensão desta cidade, da sociedade e do urbanismo. Provavelmente tomarão o rumo de outros que foram para instituições fora da  Bahia ou vão se perder no tempo”, diz Alves.

Fórum

Para Marcelo Reis, do Instituto Casa da Fotografia, há mesmo um retrocesso em relação ao que a Bahia já viveu neste campo. “Temos tudo mas não temos o que comemorar com o que temos. Todos estão produzindo muito, mas não há apoio e as ações não se mantêm. Comparando com outras cidades, Salvador já esteve na frente”.

Reunidos no Fórum de Fotógrafos Baianos, criado há um ano, coletivos como o FotoBahia, Salvador Foto Clube, Instituto Casa da Photografia, LabFoto, Fototech e Cipó já encontraram-se duas vezes com o secretário de Cultura, Albino Rubim, e representantes da Funceb para tratar da situação.

Os profissionais entendem que, desde que o Núcleo de Fotografia da Fundação Cultural do Estado foi integrado à Coordenação de Artes Visuais, apenas a foto-arte tem significação  e várias vertentes da linguagem fotográfica foram suprimidas – como a fotografia documental, o fotojornalismo, ensaios, a pesquisa e conservação de acervos.

A mudança ocorreu em 2007, quando a gestão de Jaques Wagner e a atuação do então secretário de Cultura  Marcio Meirelles pautaram-se por transformação semelhante ocorrida  em âmbito federal na Funarte.

Propostas

O Fórum reivindica a criação de uma coordenação  de fotografia na Funceb, independente da de Artes Visuais. Outro ponto é a criação do Prêmio Mario Cravo Neto, voltado para fotógrafos baianos.

O prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, realizado a cada dois anos pela Funceb, segundo alguns, não estaria contribuindo para dinamizar a cena local.

Por fim, o Fórum demanda a realização de um Encontro de Fotógrafos Baianos, no próximo ano, simultâneo ao Encontro de Fotógrafos  do Norte e Nordeste (Ennefoto).

Para Aristides Alves, o encontro seria “um primeiro passo para que voltássemos  a ter uma ação referencial dentro da política cultural da fotografia nacional”. E ele considera que um aspecto positivo da conjuntura atual foi  a “abertura de um canal de diálogo” com a Secult.

De acordo com a coordenadora de Artes Visuais da Funceb, Luciana Vasconcelos, os gestores vão procurar atender, na medida do possível, as demandas dos fotógrafos.

“O Ennefoto contará com apoio da Secult, quando também serão discutidas questões relativas ao lugar da fotografia nas políticas culturais”, afirma Luciana.

Quanto às outras questões, ela defende mais diálogos para chegar “ao melhor modelo”.

Alves diz que o clima é de expectativa: “Queremos mudar esse quadro,  voltar a ser uma referência e que a fotografiareencontre seu espaço no cenário cultural nacional”.

Fonte: A Tarde

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