Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2013 consagra ‘Gonzaga’

2013111455806

Com quase 40 minutos de atraso e sob um calor vulcânico na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, começou, às 21h28 desta quarta-feira, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2013. O presidente da Academia de Cinema Brasileiro, Roberto Farias, abriu a cerimônia, que teve como tema a identificação do público pela comédia. Atores, caracterizados de personalidades como Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves (com direito a muitos palavrões), apresentaram os vencedores. As performances, porém, arrancaram poucos risos da plateia, com exceção de Dercy, que trouxe alguma graça.

“Gonzaga – De pai para filho” foi o grande vencedor da noite. A cinebiografia de Breno Silveira, que liderava as indicações em 15 categorias, saiu com os troféus Grande Otelo de filme, ator coadjuvante (João Miguel), direção, ator (Júlio Andrade) e som. Por telefone, de Madri, onde está apresentando o filme, Silveira conversou com o GLOBO:

— Esse cara (Gonzaga) merece tudo. Ele é muito maior do que qualquer filme que se faça sobre ele. Lamento não estar aí para comemorar, e peço desculpas à Academia, mas estou exibindo o longa aqui na Espanha — afirmou o cineasta, comentando a polêmica das biografias. — É importante enaltecer quem merece. Acho que a grande questão em relação às biografias é que a gente não precisa explorar aquilo que é apelativo para falar sobre a história de alguém. E foi o que tentei fazer, pois Gonzaga é do tamanho do sertão.

— Neste momento de discussão de biografias no país, a vitória de “Gonzaga” prova que existe um caminho do meio. No nosso caso, a filha dele leu o roteiro, mas não interferiu em nada — disse a roteirista Patrícia Andrade após a premiação.

“Raul – O início, o fim e o meio”, que também explora a vida de uma personalidade brasileira, abocanhou os prêmios de documentário (incluindo no voto popular) e montagem. O diretor Walter Carvalho disparou:

— A vida das pessoas públicas tem que ser trazida à tona. Essa discussão sobre biografias é um grande equívoco.

Dira Paes (“À beira do caminho”) foi consagrada como melhor atriz. Pelas atuações coadjuvantes, Leandra Leal (“Boca”) e Ângela Leal (“Febre do rato”) foram premiadas. Elas não compareceram à cerimônia. Mas a ausência mais sentida foi a de Claudio Cavalcanti, que ganhou um troféu póstumo (em empate com João Miguel, por “Gonzaga”) pelo seu trabalho em “Astro, uma fábula urbana em um Rio de Janeiro mágico”. Muito emocionada, a viúva do ator lembrou a carreira do companheiro:

— Não quero receber esse prêmio sob uma nota triste, mas com alegria. O Claudio começou a carreira com 16 anos e teve o privilégio de exercer o ofício que considerava sua grande paixão. Ele tinha também a missão de defender o direito dos animais, e ele conseguiu. A sua ida foi privilegiada.

O voto popular premiou três produções nas categorias longa-metragem estrangeiro (“Intocáveis”, da França), longa-metragem documentário (“Raul – O início, o fim e o meio”) e longa-metragem de ficção (“Febre do rato”). A cerimônia foi encerrada com uma homenagem à atriz Ruth de Souza.

Confira os vencedores:

MELHOR MONTAGEM DE FICÇÃO: “2 Coelhos”

MELHOR MONTAGEM DE DOCUMENTÁRIO: “Raul – O início, o fim e o meio”

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL: “2 Coelhos”

MELHOR TRILHA SONORA: “A música segundo Tom Jobim”

MELHOR SOM: “Gonzaga – De pai para filho”

MELHOR FIGURINO: “Heleno”

MELHOR MAQUIAGEM: “Heleno”

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: “Xingu, “Corações sujos” e “Heleno”

VOTO POPULAR PARA MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO: “Intocáveis” (França)

VOTO POPULAR PARA MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO: “Raul – O início, o fim e o meio”

VOTO POPULAR PARA MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO: “Febre do rato”

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: “Febre do rato”

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: “Corações sujos”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Ângela Leal (“Febre do rato”) e Leandra Leal (“Boca”)

MELHOR ATOR COADJUVANTE: Claudio Cavalcanti (“Astro”) e João Miguel (“Gonzaga”)

MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO: “Cabeça de papelão”

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO: “Elogio da Graça”

MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO: “Laura”

PRÊMIO DE PRESERVAÇÃO DE 2013: Ismail Xavier

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Walter Carvalho (“Heleno”)

MELHOR LONGA-METRAGEM INFANTIL: “Peixonauta – Agente secreto”

MELHOR LONGA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO: “Brichos – A floresta é nossa”

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO: “Intocáveis” (França)

MELHOR EFEITO VISUAL: “2 coelhos”

MELHOR DIREÇÃO: Breno Silveira (“Gonzaga”)

MELHOR LONGA–METRAGEM DOCUMENTÁRIO: “Raul – O início, o fim e o meio”

MELHOR ATOR: Júlio Andrade (“Gonzaga”)

MELHOR ATRIZ: Dira Paes “À beira do caminho”

MELHOR LONGA–METRAGEM DE FICÇÃO: “Gonzaga – De pai para filho”

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *