Mãe ainda busca vaga em cemitério para vítima de bala perdida no Rio

Sheila Cristiana, mãe de Carlos Eduardo, foi ao IML do Rio para liberar o corpo do rapaz
Sheila Cristiana, mãe de Carlos Eduardo, foi ao IML do Rio para liberar o corpo do rapaz Foto: Marcos Nunes/Extra/Agência O Globo
Marcos Nunes

Depois de enfrentar uma via-crúcis para liberar o corpo de Carlos Eduardo Nogueira da Silva, o Dudu, de 20 anos, que incluiu até a ajuda de vizinhos para despesas com passagens para deslocamento até as sedes do Instituto Médico-Legal de Nova Iguaçu e do Centro do Rio, a família do rapaz, morto por bala perdida na sexta-feira, na Zona Norte, passa agora por um outro problema.

Os parentes e amigos de Dudu estão às voltas com a falta de vagas em cemitérios para sepultar o corpo.

Sheila Cristiana ainda não sabe quando vai conseguir sepultar o corpo do filho Carlos Eduardo
Sheila Cristiana ainda não sabe quando vai conseguir sepultar o corpo do filho Carlos Eduardo Foto: Thiago Freitas / Thiago Fretas/Extra/Agência O Globo

A família só vai saber, nesta terça-feira, se conseguirá sepultar o rapaz neste mesmo dia, ou apenas na quarta-feira. A intenção inicial era fazer o sepultamento no Cemitério do Catumbi, no Estácio.

— É mais provável que seja na quarta-feira. Ainda estamos procurando vaga nos cemitérios. Se conseguir para terça, será na terça. Hoje (segunda-feira) não temos esta resposta — disse uma amiga da família.

Dudu tomava água de coco, no Morro do Querosene, quando foi atingido por uma bala perdida. O disparo teria vindo do vizinho Morro da Fallet, em Santa Teresa, onde policiais militares e traficantes trocavam tiros.

Nesta segunda-feira na Rádio Globo, no programa Manhã da Globo RJ, apresentado por Roberto Canazio, dois debatedores da atração conseguiram que a OAB-RJ custeasse as despesas do enterro de Carlos.

Quando esteve no IML do Rio, depois de ter ido ao IML de Nova Iguaçu, a diarista Sheila Cristiana Nogueira da Silva, de 45 anos, mãe da vítima, fez um desabafo.

— O pessoal da comunidade disse que quem atirou no meu filho foi um PM. Quero saber de quem partiu o tiro e quem foi a pessoa que atirou nele. Quero olhar para a pessoa que tirou a vida do meu filho. Eu ia dizer: “Muito obrigada, você destruiu a minha vida”— disse Sheila, mãe de 14 filhos, três deles já mortos.

Ela voltou a negar que o filho tivesse envolvimento com o tráfico de drogas:

— Meu filho não era traficante. Era um inocente. Se fosse traficante, ia falar: “Ele era traficante. Mesmo sendo a dor de uma mãe, perdi sim um filho porque estava na vida errada”. Mas meu filho não estava na vida errada nem nunca esteve. Tanto que ele estava na igreja. O pessoal que compareceu à delegacia foi a minha filha e dois senhores da igreja. A mesma igreja que meu filho frequentava. Quero justiça — concluiu.

O delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios, disse que vai confirmar oficialmente se, no momento em que Carlos Eduardo morreu, havia uma operação da PM na Fallet. Caso seja confirmado, ele pedirá o nome dos policiais que serão ouvidos na DH.

O objetivo é saber a dinâmica do fato e de onde partiu o tiro que matou a vítima. As armas usadas pelos PMs também deverão ser apreendidas para um futuro confronto balístico, caso seja retirado algum projetil no corpo da vítima.

 

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