Médicos acusam Sesab e IGH de atraso de pagamentos e falta de insumos básicos em hospital na Bahia

Por Rebeca Menezes / Victor Hernandes

Foto: Reprodução / Radar News

A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) estão sendo acusados de atrasos salariais de médicos e não abastecimento de insumos básicos no Hospital Luiz Eduardo Magalhães (HDLEM), na cidade de Porto Seguro, na região da Costa do Descobrimento, no interior baiano.

As denúncias contra a secretaria e o IGH, responsável por fazer a gestão da unidade de saúde, foram feitas por alguns dos médicos que atuam no local, a reportagem do Bahia Notícias. Um dos profissionais, que preferiu não se identificar, revelou que médicos de todas as especialidades não receberam os salários do mês de janeiro e de fevereiro.

“ A gente está hoje com janeiro e fevereiro em atraso.  Janeiro não foi pago e fevereiro vence hoje, mas provavelmente não vamos conseguir receber hoje [quarta-feira]”, relatou.

O profissional contou também que os problemas estariam acontecendo no local, por conta de uma possível licitação da Sesab para passar a gestão do hospital para outra empresa.

“Pelo que é relatado isso decorre de uma nova licitação, que o hospital é gerido por uma empresa terceirizada e dessa forma o estado repassa o dinheiro para empresa terceirizada. Este contrato já teria sido encerrado e está em trâmite de licitação. Os outros sempre ocorreram, agora, a justificativa maior seria essa”,  explicou.

Já outra fonte que também trabalha no local e não quis se identificar, afirmou ainda que há falta de medicamentos básicos e simples, a exemplo de gases, ataduras e até materiais simples de escritório.

“São materiais muito básicos, por exemplo, atadura, gases, equipamentos de na UTI, que é importante para fazer algumas medicações para pacientes críticos. Ontem começou a faltar anti-inflamatório. Falta também papel, materiais de antissepsia, materiais do bloco cirúrgico, roupas estão faltando com muita frequência, as roupas que os funcionários usam dentro do centro cirúrgicas, entre outros”, revelou.

O profissional indicou que o problema seria ainda decorrente de uma fragilidade da rede estadual de saúde.

“É importante ressaltar e deixar claro que a empresa terceirizada sempre trabalha  sufocada. Esses problemas geralmente são do estado. Todas as empresas que passam por aqui enfrentam esses mesmo problemas. O estado que não efetua o repasse da maneira correta e tem essas dificuldades”, esclareceu.

O corpo médico do hospital, através do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), divulgou nesta quarta-feira (20) uma nota de repúdio contra o caso.

No documento, acessado pela reportagem do Bahia Notícias, foi indicado uma série de irregularidades que estariam sendo praticadas pelo o IGH em conivência com a Sesab.

Além do salário atrasado, foi apontado que esses profissionais enfrentam a falta de importantes produtos para o tratamento dos pacientes. Foi alegado que existe um atraso na esterilização de materiais e no fornecimento de roupas cirúrgicas, o que pode prejudicar os procedimentos médicos no local.

“Estamos em meados de março e ainda sem receber os salários de janeiro. Além disso, ainda mais grave, estamos  lidando com a falta de insumos básicos, tais como medicamentos essenciais para o tratamento dos pacientes e diversos produtos necessários para a realização de cirurgias importantes, sobretudo para situações de urgência e emergência. Em vários momentos há o atraso para a esterilização de materiais e para a  disponibilização de roupas cirúrgicas, sem os quais não é possível realizar cirurgias. Cada dia de trabalho é uma batalha para conseguir esses itens”, disse o documento produzido pelos médicos.

O grupo informou ainda que por conta do problema, os corredores do hospital estão abrigando pacientes que esperam por atendimento. Outra situação enfrentada pelos profissionais é acerca da escassez de papel e impressoras para a prescrição de pacientes, além de outros materiais necessários para os atendimentos.

“Como resultado, os corredores estão lotados de pacientes esperando por procedimentos. Chegamos ao ponto vergonhoso de termos escassez até de papel  e impressoras para prescrever os pacientes, materiais indispensáveis para a  celeridade no atendimento, uma vez que nosso sistema é informatizado”, descreve a nota dos profissionais.

A Sesab informou que não iria se pronunciar sobre o assunto e que o IGH deveria se posicionar. Já o IGH comunicou que “os valores estarão disponíveis nas contas dos colaboradores até o final da tarde desta quarta-feira (20/3)”.

Fonte: BN

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