Na ‘Quinta-Feira Negra’, Bolsa de Nova York despenca 43 pontos

Depois de 18 meses de alta frenética, os especuladores passaram a desconfiar, pararam de acreditar num crescimento indefinido dos valores e venderam ações

Na bolsa de valores de Wall Street, em Nova York, ninguém se esquece da quinta-feira, 24 de outubro de 1929, que ficou marcada na história como “Quinta-Feira Negra” (Black Thursday).

Depois de 18 meses de alta frenética, os especuladores passaram a desconfiar e pararam de acreditar num crescimento indefinido dos valores. Num movimento tão maciço quanto repentino, decidiram vender suas ações a todo vapor e o mais rapidamente possível.

Pânico.

Nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham conhecido um formidável crescimento econômico. Ninguém poderia, por conseguinte, imaginar que um simples dia em Wall Street provocaria uma das mais graves crises econômicas da história. Desde a Quinta-Feira Negra até a Segunda Guerra Mundial, a débâcle se propagou pelos quatro quadrantes do globo. No curso de uma recessão de dez longos anos, os países mais afetados viveram importantes comoções políticas e sociais.

Ao longo dos anos 1920, os EUA entram numa fase de reconstrução em que a economia conheceu certo impulso. No entanto, o sistema estava salpicado de falhas. A superprodução industrial dependia principalmente do crédito e da especulação. A população tomava dinheiro emprestado a rodo para poder investir na bolsa. Quando os preços começaram a despencar, os portadores de ações se apressaram em vender seus títulos antes que perdessem demasiado valor O pânico tomou rapidamente conta de Wall Street levando-a a um caos total em que cerca de 13 milhões de ações são colocadas simultaneamente à venda.

As cotações desabam e toda a economia estadunidense soçobra a uma velocidade estonteante. As indústrias não encontram mais investidores e o consumo decresce sem cessar. A agricultura, em crise já há alguns anos, mergulha na crise e o valor de seus produtos vem abaixo. Quanto aos bancos, confrontados com a incapacidade dos devedores de honrar seus compromissos, quebram um após o outro. Na década de 1930, a crise se estende progressivamente ao mundo todo, visto que as economias estrangeiras são mais ou menos dependentes do poderio norte-americano. Em virtude de sua política econômica socialista, a URSS é a única a escapar da crise.

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Por toda parte, os índices de desemprego atingem altas sem precedentes. Na Alemanha, este é um dos principais fatores a levar Hitler ao poder. Ele prometia que, se chegasse à chancelaria, promoveria a recuperação econômica do país. Aqui e ali, os governos tentavam de uma maneira ou outra conter a decadência de seus países, valendo-se de desvalorizações monetárias e de uma política mais protecionista que nunca. Nos EUA, o recém-eleito presidente Franklin Roosevelt pôs em marcha o New Deal. A política capitalista adotada até então cede espaço a novos caminhos. A intervenção estatal toma o lugar do liberalismo.
A crise de 1929 eclodiu no âmago de um sistema econômico poderoso na aparência, mas cujos alicerces se mostraram demasiadamente frágeis. Uma única quinta-feira foi suficiente para abalar o mundo inteiro durante dez anos, expondo à luz do dia as fraquezas do capitalismo liberal americano. Enquanto inúmeros países tentavam manter-se à tona, o nazismo ganhava espaço. Não demoraria muito para que o mundo mergulhasse na Segunda Guerra Mundial.

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