Nem Jero, nem ninguém, sabe dizer o que será da Fiol
Governador promete porto e ferrovia a produtores rurais, mas reconhece que não sabe quando obras serão retomadas
Por: Donaldson Gomes, do Correio
Governador também voltou a falar sobre a duplicação da BR-242 Crédito: Sora Maia/CORREIO
A Fiol e o Porto Sul, como não poderia deixar de ser, foram citadas pelo governador Jerônimo Rodrigues durante a sua passagem pela Bahia Farm Show na última terça-feira (dia 10). Em seu discurso, o novo modal logístico estaria próximo de se tornar realidade, para a alegria dos produtores que hoje se viram como podem para competir, mesmo sem um sistema de transportes eficientes. Mas, questionado durante a entrevista coletiva que concedeu em seguida, reconheceu que não sabe quando os projetos vão sair do papel, nem a ferrovia, que é federal, nem o porto, que tem um terminal estadual.
As obras dos dois projetos estão paralisadas desde que a mineradora Bamin, que é concessionária do trecho 1 da Fiol, entre Caetité e Ilhéus, além de ser sócia do governo baiano no Porto Sul, anunciou que só retomará as obras quando encontrar um investidor. Até lá, segue tudo parado nos dois projetos de infraestrutura. Quando foi questionado sobre a perspectiva de retomada, o governador disse que participou de uma reunião em que se discutiu a saída da Bamin da concessão da Fiol, para que outras empresas concorram.
“É o desejo nosso, que o governo federal possa encontrar uma empresa, ou um consórcio, que possa… Nós estamos com o trecho 1, que parte de Caetité, com quase 80% de obras. O segundo trecho, da mesma forma, então falta pouco até Barreiras”, explicou. “O desejo nosso, e já estamos trabalhando nisso, é que a parte do porto, tanto o público que é do estado, quanto a parte privada, encontremos uma empresa para construir e gerenciar”, disse.
O governador finalizou a resposta complementando que a expectativa é que a Fiol chegue até Mara Rosa, Goiás. Segundo ele, neste caso, não há ainda nenhuma definição em relação a investimentos para o início de obras.
Na réplica à pergunta, Jerônimo foi questionado sobre prazos para os planos e reconheceu o que todo mundo sabe: não há um prazo definido. “Está tudo parado por conta da negociação para que outra empresa, ou outro consórcio possa assumir. Não adianta a gente ficar prometendo data agora, sem uma empresa que chegue e assuma para dar continuidade”, finalizou.
Após sinalizar desinteresse em assumir a Fiol e o Porto Sul, o consórcio liderado pela Vale teria acenando com a possibilidade de ficar com a ferrovia, desde que surja um investidor interessado em concluir e operar o Porto Sul. O grupo de empresas, que é integrado ainda pela Cedro e o BNDES, está oferecendo o projeto a investidores árabes e chineses, de acordo com a coluna Pipeline do jornal Valor. Como atrativo, o consórcio está oferecendo uma operação no modelo take or pay – onde o investidor tem direito a uma cláusula contratual lhe garantindo uma movimentação mínima ou um pagamento pelo investimento.
E a duplicação?
Uma outra pergunta feita ao governador foi justamente a respeito da duplicação da BR-242 entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. A obra já tinha sido prometida por Jerônimo na edição anterior da Bahia Farm Show. Agora, ele informou que a obra está na fase final de elaboração do projeto executivo, para a realização de um pregão na bolsa de valores, onde será escolhida uma empresa que vai tocar as obras de duplicação e gerenciar por 30 anos. “O ministro Rui Costa (da Casa Civil) me disse que em agosto será realizado o processo de licitação”, explicou. Passando diariamente duas vezes por dia no trecho, este colunista está mais do que convencido de que a duplicação é realmente uma necessidade. Tomara que o agosto indicado pelo governador não seja aquele tal de “a gosto de Deus”, né.