Pai sofre para cuidar de filho com síndrome rara

Marcos Antônio, inspetor da Faetec, ao lado do pequeno Davi: falta dinheiro para tratar síndrome rara Foto: Extra
Nelson Lima Neto

As contas mensais do inspetor educacional da Faetec, Marcos Antônio Gomes, de 58 anos, não fecham desde o início da crise, há um ano, que mudou a vida de milhares de pessoas no Estado do Rio. O salário de R$ 2.800 são parte importante da renda mensal da família. Os cuidados com o mais novo dos três filhos, o pequeno Davi, de 2 anos, elevam os custos. Portador da Síndrome de Patau, Davi precisa de cuidados especiais que consomem, em média, R$ 8 mil por mês. Para piorar, Gomes está com três meses de salários atrasados do governo.

— Minha preocupação maior é o Davi. Tivemos que interromper diversos tratamentos diante da falta de dinheiro. A geladeira está praticamente vazia. Na despensa tenho duas latas de leite para ele e as fraldas acabaram — disse o inspetor, que já soma R$ 25 mil em dívidas.

A preocupação com a própria saúde, ou a de familiares, é comum entre os servidores. Planos particulares, por exemplo, são artigo de luxo atualmente. Muitos estão contando com a ajuda de familiares para manter assistências essenciais. Somente no Estado do Rio, 282 mil usuários de planos de saúde deixaram de contratar o serviço entre maio de 2016 e maio deste ano, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

— Eu tenho sérios problemas cardíacos. Tomo seis remédios, que juntos custam por volta de R$ 200. Mais uma vez, se não fossem meus amigos, eu não estaria com meu tratamento em dia. Infelizmente, tive que cortar meu plano de saúde — explicou a professora aposentada da Educação, Maria Affonso, de 60 anos.

Para a mestre em saúde pública Lígia Bahia, a situação cria um ciclo vicioso que afeta não apenas o funcionalismo.

— O sistema público de saúde está degradado. O futuro imediato é extremante dramático. A situação de saúde do Estado é explosiva em decorrência das mortes por febre amarela, violências e doenças crônicas que ficam sem tratamento particular — explicou.

O governo do Rio informou que todas as medidas adotadas até aqui, visando a Recuperação Fiscal firmada junto à União, buscam, além de regularizar os salários dos servidores, a normalização dos serviços básicos à população.

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