Presidente Bolsonaro humilha e expõe generais em Brasília

Por  UOL › Annotations – O general Luiz Eduardo Ramos admitiu que foi “atropelado por um caminhão” ao ser informado pelo presidente Jair Bolsonaro de que seu cargo como chefe da Casa Civil do Planalto seria oferecido ao senador Ciro Nogueira. O general Braga Neto, ministro da Defesa, é obrigado a vir a público desmentir que esteja por trás das declarações do presidente, de que não haverá eleições em 2022 se o voto impresso não for aprovado pelo Congresso. O general da ativa Eduardo Pazuello foi obrigado a depor na CPI da Covid como ex-ministro da Saúde e responsável por milhares de mortes na pandemia. Acabou tendo que ouvir dos parlamentares que estava mentindo. Até quando os generais serão expostos ao ridículo pelo presidente da República?

Não tem outra coisa a se pensar: Bolsonaro deve estar se vingando das Forças Armadas por ter sido obrigado a deixar o serviço militar e entrar para o quadro da Reserva como capitão.

Foi uma época difícil para o atual presidente da República. Como tenente, ele atuava como um sindicalista de ideias conservadoras, mas radicais, no Exército.

Chegou a ser acusado de planejar explodir bombas e viu o ex-presidente e general Ernesto Geisel classificá-lo como um “mau militar”. Seu nome ficou manchado na Força.

Mas a carreira política o salvou do ostracismo. Conservadores de extrema direita do Rio de Janeiro o elegeram e reelegeram deputado por sete vezes. Nesse período, Bolsonaro circulou por diversos partidos do centrão, ficando mais tempo como deputado do PP.

Bolsonaro espalhou seu nome pelos conservadores do país, conseguiu eleger um filho senador pelo Rio, outro, deputado por São Paulo, e outro ainda, como vereador na capital fluminense. Acabou elegendo-se presidente da República na onda antipetista da Lava Jato de Sérgio Moro.

Deu a volta por cima. Colocou no centro do poder o PP – partido líder do centrão e da velha política de que negou na campanha eleitoral. Afinal, foi o centrão que o abrigou quando precisava.

Agora na Presidência da República, Bolsonaro se reencontra com o alto generalato e os comandantes das Forças Armadas. Muitos deles, seus contemporâneos, que assistiram seu período de desgraça no Exército.

Faz lembrar aquela peça de teatro “A visita de velha senhora”, em que um escritor suíço conta a história da moça obrigada a fugir de uma cidadezinha preconceituosa.

Ela havia engravidado de um rapaz que a abandonou. Mas voltou multimilionária e expôs os empobrecidos cidadãos à humilhação, pedindo que matem o homem que a engravidou.

Eu torço para que Bolsonaro não tenha lido a peça e não esteja fazendo como a velha senhora. Não tenha voltado oferecendo mundos e fundos aos generais, mas obrigando-os a matar a democracia no país, sob suprema humilhação.

Sim a humilhação não ficaria apenas nas pequenas grandes mentiras em que seriam pegos. Nem em rastejar diante de situações como o “um manda e outro obedece”, que o subserviente Pazuello exprimiu publicamente. Ou o “fui atropelado por um trator”, do general Ramos, e mesmo a demissão de todo o Alto Comando das Forças Armadas, ou as mentiras e desmentidos em que generais se viram envolvidos desde que Bolsonaro assumiu.

A grande vingança seria levar os militares a novamente manchar sua imagem pública, transformando o país numa republiqueta de bananas. Ruim pra eles e pra todos nós.

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