Ex-BBB e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mara Telles foi denunciada por alunos do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (Cacs). Ela está sendo acusada de transfobia. Mara nega e afirma estar sendo vítima de calúnia e difamação.
O imbróglio começou quando ela postou um tuíte, no dia 11 de março, em que criticou a expressão “pessoas que menstruam” (usada no lugar de “mulheres que menstruam” para incluir homens transexuais).
“Já estou começando a sentir saudades de quando só queriam a ‘linguagem neutra’. O identitarismo sectário se sente incluído no ‘Dia da Mulher’, mas omite o nome ‘mulher’ como beneficiário da distribuição de absorventes? Estou surpresa!!”., postou.
Em consequência desta publicação, o centro acadêmico pediu formalmente à UFMG o afastamento da professora. A universidade afirmou que está analisando se há necessidade de abrir uma sindicância.
Mara acionou seus advogados para tomar “as medidas judiciais cabíveis” contra “as infundadas alegações”.
“Gostaria de enfatizar que, ao contrário do que tem sido propagado, questionar a obrigatoriedade do uso da expressão ‘pessoas que menstruam’ não significa ser transfóbico. É possível e necessário promover o diálogo e o respeito às diferenças sem que isso implique acusações infundadas e práticas autoritárias advindas da cultura de cancelamento”, destacou Mara, em entrevista ao G1.
O centro acadêmico, por sua vez, afirmou que a professora, como “pessoa pública”, está “dando respaldo para transfóbicos validarem seus discursos”.
“A violência contra a população trans é normalizada e alimentada por preconceitos e discriminações como as cometidas hoje por Helcimara [nome completo da professora], e esse é um dos fatores diretamente responsáveis pela banalização da transfobia no Brasil […]”, relatou a entidade.
A professora fez a postagem sobre menstruação quando fazia referência a uma reportagem sobre o decreto do governo federal para a distribuição de absorventes a pessoas de baixa renda.
Mara, que já afirmou publicamente ter votado no presidente Lula (PT) nas últimas eleições, criticou aspectos da militância de esquerda.
“Desconhecem a palavra ‘pluralidade’. ‘Plural’, desde que seja o que eles pensam? Movimentos autoritários, à direita ou à esquerda, devem ser combatidos”, disse.
Mara diz que sempre lutou por uma sociedade justa
Ela também afirmou que sempre lutou por uma sociedade mais justa e igualitária, e que nunca teve a intenção de ofender ou prejudicar alguém. Disse, ainda, que está recebendo xingamentos e comentários etaristas na universidade e em grupos de WhatsApp. “Estou preocupada com minha integridade física e psicológica, pois temo que possa sofrer algum tipo de agressão ou violência”.
O centro acadêmico divulgou uma nota nas redes sociais em que ressaltou que a professora foi “abertamente transfóbica”. O mesmo texto também citou dados de assassinatos de pessoas trans no Brasil e no mundo.
“A gestão [do Cacs] reforça a necessidade de usarmos uma linguagem que seja inclusiva e acessível para todes”, disse a entidade.