Quem semeia vento colhe tempestade

 

Por Larissa Rodrigues, do Blog do Magno Martins

Os números da pesquisa Quaest divulgados ontem (12), apontando larga vantagem do prefeito do Recife, João Campos (PSB), contra a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), nas intenções de voto para o cargo de governador, em 2026, ligam um sinal vermelho no Palácio do Campo das Princesas.

Com 64% das intenções para João e 22% para Raquel, o levantamento aponta que a gestora está prestes a finalizar o segundo ano à frente do Poder Executivo sem dizer ainda para que veio, sem ter feito com que a população tenha entendido sua mensagem, ou assimilado sua tão propagada mudança.

Já o prefeito do Recife está encerrando sua primeira gestão reeleito e com boa parte do povo pernambucano dizendo que o escolhe para administrar o Estado a partir de 2027, embora só faça entregas na capital. Mas essa projeção de dificuldades para a reeleição de Raquel Lyra não é uma novidade.

No dia 11 de novembro deste ano, o Instituto Opinião, de Campina Grande, em parceria com este blog, antecipava esse cenário divulgando a primeira pesquisa de intenção de voto para a eleição de 2026 no Estado.

No levantamento, o prefeito João Campos já despontava com amplo favoritismo. Se a eleição tivesse sido em novembro de 2024, o socialista receberia 76,2% dos votos e a governadora Raquel Lyra 15,8%, uma diferença para João de 60,4%. Assim como não é novidade o desempenho ruim de Raquel Lyra nas pesquisas, também não foi ontem que a governadora começou a plantar o que colhe agora.

Os dois primeiros anos da tucana na função não foram fáceis, sobretudo pelo estilo centralizador de fazer política e talvez pela falta de compreensão dela e da equipe do tamanho e da complexidade que tem Pernambuco. Não se governa um Estado sem fazer política, sem um foco muito bem definido e com sinais de revanchismo.

A governadora vem colhendo nas pesquisas o resultado de dois anos bagunçados e com uma forma de trabalhar emocionada demais. O fato é que Raquel Lyra só tem praticamente o ano 2025 para tentar reverter a desvantagem em relação a João Campos, porque 2026 já será o ano da eleição. Aliados apostam nas entregas que ela fará em 2025 para melhorar a imagem e chegar em 2026 mais fortalecida.

Recordar é viver – Os dois anos do governo de Raquel Lyra que encerram dentro de alguns dias começaram com um show de amadorismo. A população quase virou o ano de 2022, por exemplo, sem saber o nome de um secretário ou secretária. Raquel só começou a divulgar os nomes no dia 29 de dezembro daquele ano. Obviamente, nenhum deles sabia ao menos onde ficavam as próprias salas dentro das pastas, nem tinham montado suas equipes de executivos. Claro que o resultado não seria bom. Sem uma transição adequada, os novatos patinaram no primeiro ano. Muitos nem fazem mais parte da equipe.

Canetada do fim do mundo – Com um secretariado sem a menor noção do que precisava fazer e ainda tendo que compor equipes sob aprovação do Palácio, Raquel Lyra deu uma canetada demitindo todos os funcionários comissionados do Estado no segundo dia de 2023, paralisando a máquina. Com o objetivo de tirar da gestão todo mundo que tinha sido do governo anterior, a medida conseguiu desorganizar Pernambuco sem que tivesse ainda pessoal preparado para organizar. Mais uma vez, é claro que o resultado seria um desastre.

Perda de tempo – Após a falta de transição e a canetada do fim do mundo, a gestão começou a perder tempo com um monte de viagens do programa Ouvir Para Mudar, algo que normalmente os candidatos já fazem durante as campanhas e não quando já assumiram os cargos. Ao invés de concentrar esforços em começar a resolver os problemas de Pernambuco, Raquel Lyra e equipe pegaram a estrada e dizendo que estavam ouvindo a população para mudar o Estado.

Falta de diálogo – Somam-se a todas as questões aqui já relatadas a relação difícil entre o governo e a Assembleia Legislativa (Alepe), que veio acalmar já nos últimos meses de 2024. As desavenças contribuíram bastante para desgastar a imagem da gestão Raquel Lyra, que parece ter aprendido a lição e recuou da forma como iniciou a gestão tratando a Alepe, de cima para baixo.

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