Por Larissa Rodrigues
Nos últimos dias, o Partido dos Trabalhadores e aliados do presidente Lula (PT) iniciaram um movimento de reação nas redes sociais contra o Congresso Nacional, deixando deputados e senadores em alerta pela força do discurso adotado, que coloca o Congresso como “inimigo do povo” e levanta o debate “ricos contra pobres”.
Vídeos criados por inteligência artificial (IA) circulam nas plataformas e fazem críticas ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). O material defende a “taxação BBB” (bilionários, bancos e bets) e intensifica a narrativa de que os pobres pagam mais impostos do que os ricos no Brasil.
É uma estratégia para resgatar o apoio popular que o PT já teve de sobra e dar o troco ao Congresso, que vem emparedando o poder executivo nas votações — como na derrubada do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) — e nunca se sente satisfeito com a quantidade de emendas parlamentares, sempre querendo mais do orçamento do país.
Trata-se de uma queda de braço entre Executivo e Legislativo em nível nacional, em que as redes sociais são usadas para fortalecer o discurso. Ainda é cedo para dizer quem vai vencer e se a estratégia dos aliados do governo federal dará certo.
Já configura, porém, uma reação das esquerdas, que nos últimos anos perderam quase por completo a disputa digital para a extrema-direita, especialista em redes sociais. Talvez essa reação nacional esteja influenciando quedas de braço locais.
Na mesma semana em que o PT, com o apoio do Palácio do Planalto, reagiu ao Congresso nas redes, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), também usou o método para questionar a Assembleia Legislativa (Alepe). Assim como Lula enfrenta dificuldades no Congresso, Raquel enfrenta a Alepe desde o início da gestão.
A governadora vinha cobrando a votação dos projetos de empréstimo que enviou à Casa em discursos por todo o estado. Mas, ontem (4), levou o tema ao Instagram de forma incisiva. Em sua fala, repetiu o mantra de sempre: “Pernambuco tem pressa” e destacou: “a gente não pode discutir o futuro de Pernambuco baseado em discussão política menor, porque isso não serve ao povo de Pernambuco”.
Traçando um paralelo – O mote “Congresso inimigo do povo”, que joga a população contra Câmara e Senado, foi traduzido por Raquel no estado como “Pernambuco tem pressa”, atribuindo à Alepe a ausência de recursos para obras e, assim, colocando a população contra a Casa.