Robinson Crusoé parte rumo a seus 28 anos de isolamento

Defoe inspirou-se no caso do marinheiro Alexander Selkirk para compor seu enredo

No dia 1º de setembro de 1651, Robinson Crusoé embarca rumo a 28 anos de aventuras. É ao menos o que o escritor francês Daniel Defoe conta no romance publicado em 1719. A história se inspira em uma situação bastante frequente à época das marinhas a vela e da pirataria: um marinheiro desobediente acaba abandonado por seu capitão em uma ilha deserta.O marinheiro que inspirou Defoe chamava-se Alexander Selkirk. Aos 30 anos, foi convocado pelo capitão Woodes Roger para integrar a tripulação do navio Duc em 2 de fevereiro de  1709. Ele extrairia todo o enredo de seu heroi sem jamais ter se encontrado com Selkirk.

Filho de um coureiro escocês, Alexander Selkirk escolheu abraçar a profissão de marinheiro. Navegou pelo Oceano Pacífico em 1704 como segundo comandante do navio Cinco-Portos. Nessa expedição, queixou-se do estado da embarcação e questiona a decisão de prosseguir viagem. Pede para ser desembarcado e abandonado em uma ilhota desconhecida a 600 quilômetros da costa do Chile. O veleiro, como previu, afundou na costa peruana, deixando apenas oito sobreviventes. Todos acabaram aprisionados pelas autoridades locais.

A pequena ilha onde se encontrava Selkirk era um rochedo escarpado, coberto por densa vegetação. Era habitada por milhares de cabras e também por gatos, todos abandonados por náufragos antecedentes. Ambientando-se com dificuldade à solidão, Selkirk constrói uma cabana e aprende a tirar das cabras o essencial para sua alimentação e para suas vestimentas. Ocupa a mente lendo a Bíblia e recita em voz alta suas preces para não perder o uso da palavra.

Certo dia, um barco atraca à ilha. Era uma embarcação comandada pela Espanha, inimiga ferrenha dos britânicos. Selkirk acaba como refém, mas logo depois consegue finalmente escapar. Libertado por uma tripulação de compatriotas que vinham com outra embarcação, Selkirk iria rapidamente reaprender os usos e costumes sociais. Retomou a marinha como cabo e morreu em pleno mar em 1721, dois anos após a publicação de Robinson Crusoé.

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Defoe cria a história de Robinson Crusoé, um jovem marinheiro inglês que decide seguir seu caminho em uma aventura. Embarca em um navio que é apanhado por uma tempestade e naufraga. Toda a tripulação morre e ele acaba isolado em uma ilha do Caribe. Lá ele tem duas opções: deixar-se levar pela maré ou lutar pela vida. Busca por mantimentos no navio naufragado. Constrói uma casa de madeira na praia e outra embrenhada na floresta, a qual chamava de “Casa de Campo”. Lá plantou cereais com os grãos que havia no navio. Fabricou as ferramentas e com elas sua mesa, sua cadeira e tudo o mais de que precisava. Durante 25 anos de solidão absoluta, Robinson descobre outros valores éticos, inclusive a religião, pois passava a ler a Bíblia que encontrara no navio.

 

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Depois de anos e anos, Robinson descobre uma pegada. Percebe que dividia a ilha com uma tribo de canibais. Consegue “domesticar” um deles e dá-lhe o nome Sexta-Feira. A princípio, tenta voltar às suas origens sociológicas e escraviza o homem. Aos poucos, entretanto, sua humanidade é aflorada e ele encontra um amigo.

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Certo dia, Robinson vê um barco no horizonte e consegue embarcar de volta à Inglaterra. Ficam na ilha alguns espanhóis que preferiram morar lá do que retornar ao continente e serem enforcados.

Robinson, depois de um tempo e de outras aventuras, decide voltar à ilha. Lá encontra os amigos espanhóis que o haviam ajudado. A ilha já estava habitada, inclusive com mulheres e crianças. Robinson fretou um navio com armas, provisões, vacas e outros animais para levar à ilha que, se tornará próspera e populosa.

Verdadeiro fenômeno social na Inglaterra e no continente europeu, o romance Robinson Crusoé iria alimentar a crença dos leitores do século XVIII com uma felicidade simples, próxima da natureza e distantes dos artifícios da sociedade urbana.

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