Salários dificultam montagem do Governo Paulo

Salários dificultam montagem do Governo Paulo

Por Arthur Cunha

A dificuldade não é nova. Nem exclusiva de Pernambuco. Mas é um fato – e tem influenciado na montagem do segundo Governo Paulo Câmara. Os salários que o Estado oferece aos cargos de liderança – secretários, secretários executivos, gerentes – têm diminuído o leque de opções do socialista na montagem do seu time. Hoje, um secretário estadual ganha algo em torno de R$ 8 mil líquidos. É uma remuneração boa frente à realidade da imensa população brasileira, que vive na miséria; oito vezes o salário mínimo, por exemplo. Mas, por outro lado, não atrai nenhum empresário/consultor ou mesmo gente dos altos escalões da iniciativa privada, que ganha muito mais continuando onde está.

Os desafios de governar em tempos de baixa, como o que vivemos, é hercúleo. A cobrança do povo por serviços públicos de qualidade – com toda razão – é muito grande. O dinheiro é pouco; as prioridades, muitas. Para dar respostas à altura dessa demanda, Paulo precisa de uma equipe de alta performance técnica, que tenha sensibilidade política, habilidade e desenvoltura para ajudá-lo a conduzir Pernambuco na crise e na incerteza política do Governo Bolsonaro. Porém, com um salário de R$ 8 mil, como lembra um governista, um secretário não consegue nem arcar com os custos de um advogado frente aos órgãos de controle (a falta de conexão dessas entidades com o mundo real, vale ressaltar, é tema para uma coluna exclusiva).

Aqui em Pernambuco não há reajuste para os cargos comissionados desde 2011. Temos o 5º menor gasto com esse item do Brasil. Financeiramente, é mais vantagem ser secretário da Prefeitura do Recife do que do Governo do Estado. Vejam que contrassenso! Contudo, Paulo sabe que, se cogitar aumentar a remuneração dos chamados cargos de liderança, a gritaria vai ser gigante. Em parte, com razão. Afinal, os salários dos servidores públicos do Executivo também são baixos, com condições de trabalho insalubres. Um aumento deveria ser uniforme. Mas, se o dinheiro é contado para pagar a folha de pessoal de hoje, imagina se esses vencimentos forem reajustados? É, sem sombra de dúvida, uma encruzilhada.

O debate sobre a questão precisa ser feito. E há que se ter maturidade de todos os lados. Nada de hipocrisia ou criação de factóides políticos para a plateia. O Estado necessita de resolutividade. Esse é um problema do mundo real, sem coloração partidária ou ideológica – se Armando Monteiro ou algum bolsonarista fosse o próximo governador, ele também existiria. Sem tantas opções, Câmara vai lançar mão da mesma fórmula que usou na sua primeira gestão; modelo que veio de Eduardo Campos e de outras gestões Brasil afora. Vai preencher esses cargos de liderança, em sua maioria, com servidores do Tribunal de Contas do Estado, da Fazenda e de outros órgãos públicos. O que não é o ideal, porque a composição de um governo, para refletir a sociedade, precisa de um equilíbrio entre profissionais das esferas pública e privada. (Blog Magno Martins)

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