Uma partida para durar 100 anos

Inglaterra e França revivem na bola, sábado, 16 horas, a guerra mais longa da história

Por: Paulo Leandro

Gordon Banks foi herói do único título dos ingleses
Gordon Banks foi herói do único título dos ingleses – 
Já pensaram se uma partida de futebol, em vez de 90 minutos mais acréscimos, chegando a até 100 minutos, como tem ocorrido nesta Copa, levasse 100 anos para ser decidida? Pois durou até um pouquinho mais, 116 anos, a guerra entre França e Inglaterra, entre 1337 e 1422. E o pior: deu empate, sem prorrogação ou pênaltis.

O conflito envolveu outros reinos (máfias legitimadas por exércitos, como queiram) porque a Escócia ficou do lado dos franceses e outros tantos se distribuíram, servindo a guerra para fortalecer o conceito de ‘nação’ para estes adensamentos populacionais controlados por famílias dos mais espertos e chegados aos donos das armas.

Eram os chamados “nobres”, muitas vezes bandidos e pilantras coroados, capazes de articular o assassinato de seus opositores, fora a cobrança de impostos exagerada, como ainda hoje ocorre.

Um dos problemas agravantes da guerra dos 100 anos foi relacionada a gênero. Coincidiu de os nobres assassinados deixarem como herdeiras diretas as filhas, mas mulher não podia, então virava briga entre netos, filhos, sobrinhos e candidatos homens na linha sucessória.

No intervalo do primeiro para o segundo tempo surgiu a pandemia da peste negra porque o papa mandou matar as mulheres das florestas, grandes produtoras de conhecimento, junto com seus gatos, e então os ratos proliferaram com suas pulgas e estas transmitiram a doença.

O rocker Marcelo Nova pode ter razão ao negar ter matado Joana D’arc, pois ela teria sido condenada à fogueira logo após o final da guerra, empatada com o escore de centenas de milhares de mortos.

Um dos herdeiros daqueles ingleses envolvidos na mais longeva guerra, o goleiro Gordon Banks foi  destaque na única conquista britânica, Copa realizada dentro de sua casa. Banks fez sua parte: fechou o gol. E, quando necessário, juízes e bandeirinhas fizeram a parte deles.

Bi da França tem lances estranhos

A França também ganhou seu primeiro título em condições suspeitíssimas, dada a história muito mal contada da suposta convulsão de Ronaldo Nazário (vocês ficariam enojados…), companheiro de quarto de Roberto Carlos, aquele distraído lateral capaz de ajeitar o meião e deixar Thierry Henry livre  na área, na eliminação do Brasil em 2006 também contra os franceses. Os Azuis deram 3 a 0 numa seleção toda estranha, sem marcar direito a bola aérea. Já a conquista de 2018 na Rússia, na vitória sobre a Croácia, a bola da falta do primeiro gol que não existiu e o pênalti de bola na mão de Perisic desequilibraram o jogo a favor dos corsários. No fim, inglês e francês são   piratas do mesmo jeito, da mesma laia.

O ótimo Mbappé e os novos pretos

A França preta é uma outra seleção agora. Quem puder passar uma vista em álbuns de figurinhas desde a primeira Copa do Mundo vai perceber escuramente como a cor dos franceses vai mudando, mudando, até ficar parecendo até um selecionado africano. Mbappé é o melhor exemplo, porque o pai é de Camarões e a mãe é uma cabila, etnia guerreira espalhada por Marrocos e Argélia, no Norte da África. Pode-se dizer, então, ter o sangue preto o melhor jogador e artilheiro da Copa até aqui, um cara tão imprevisível e veloz quanto difícil de marcar, justificando antecipadamente uma vitória franco-africana diante da pragmática e sempre feia seleção troglo-inglesa.

Fuleiragem no título inglês

A França esteve no caminho da Inglaterra na Copa de 1966, disputada em solo inglês, mas nem precisou do assoprador para os carniceiros da rainha vencerem com dois gols de Roger Hunt, jogador do Liverpool à época. O resultado garantiu à Inglaterra passar em primeiro lugar na chave de grupos, depois de um difícil empate por 0 a 0 com o Uruguai e uma vitória por 2 a 0 sobre o México. Depois, os ingleses passaram pela Argentina – roubado, com a expulsão de Ratín –, vencendo por 1 a 0, derrubaram Portugal por 2 a 1 na semifinal e na finalíssima, assaltaram a Alemanha com a bola des-caindo fora da área no terceiro gol, marcado por Geoff Hurst na prorrogação, quando estava 2 a 2.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *