‘Venda de carne estragada foi um “fato isolado”’

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, foi escalado nesta sexta-feira (17) pelo ministro Blairo Maggi para expressar a opinião do governo federal sobre o escândalo da JBS, BRF e Pechin, três dos maiores frigoríficos do Brasil.

A BRF tem sua sede em Goiás e é comandada pelos irmãos Júnior e Joesley Batista. Já a BRF (Brasil Foods), que nasceu da fusão da Sadia com a Perdigão, tem como presidente o empresário Abílio Diniz.

“Desvios acontecem, mas eu não posso penalizar todo um sistema. Todas as instituições passam por problemas de conduta de seus servidores. Em nosso caso, foram 33 servidores que agiram de forma incorreta num universo de 11 mil do Ministério da Agricultura”, disse o secretário-executivo.

Segundo ele, a são apenas 21 estabelecimentos de quatro grupos econômicos sob suspeita de fraudes no bojo de mais de 4800 estabelecimentos em todo o Brasil, o que significa dizer que a saúde da população brasileira não corre risco.

Admitiu, porém que a imagem do Brasil no exterior pode sofrer um grande abalo porque os Estados Unidos e a União Europeia são grandes compradores de carne do Brasil.

Na próxima segunda-feira (20), inclusive, o ministro Blairo Maggi vai se reunir com seus subordinados para discutir essa questão, bem como com alguns embaixadores para tranquilizá-los sobre a boa qualidade dos produtos de origem animal que o Brasil exporta para o exterior.

A “Operação Carne Fraca”, da Polícia Federal, que investiga a venda de produtos sem fiscalização por parte dos principais frigoríficos do país, detectou irregularidades como carne estragada, uso de produtos cancerígenos em doses altas, reembalagem de produtos vencidos, carne contaminada por bactérias e venda de carne imprópria para o consumo humano.

Foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva, 11 de prisão temporária e 194 mandados de buscas e apreensões.

De acordo com as investigações, a carne estragada era usada para produzir salsichas e lingüiças, além de ser “maquiada” com ácido ascórbico, substância cancerígena que disfarçava a qualidade do produto.

No frigorífico Peccin foi detectado o “armazenamento em temperaturas absolutamente inadequadas, aproveitamento de partes do corpo de animais proibidas pela legislação, utilização de produtos químicos cancerígenos, produção de derivados com o uso de carnes contaminadas por bactérias e, até, putrefatas”.

Ficou comprovado também que as empresas subornavam fiscais do Ministério da Agricultura para que autorizassem a comercialização dos produtos contaminados sem a devida fiscalização.

A JBS atua no mercado com as marcas Big Frango, Friboi e Seara e a BRF com os presuntos Sadia e Perdigão.

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