Nos últimos dias, o termo “Fofoca de Campina Grande” esteve entre os assuntos mais comentados das redes sociais. A frase se refere a um vídeo que viralizou e que mostra duas mulheres, em um momento íntimo. Nas imagens, uma das mulheres cheira um pó branco, provavelmente cocaína, nas nádegas da outra.
Até aí, tudo bem. O principal fator para o vídeo viralizar, no entanto, é que uma das mulheres que aparece no vídeo – a que cheira o pó – seria, segundo usuários das redes sociais e jornalistas da Paraíba, Soraya Brito, sogra do prefeito de Campina Grande (PB), Bruno Cunha Lima (Solidariedade), e mãe da primeira-dama Juliana Cunha Lima. Fórum não vai exibir o vídeo por se tratar de um material íntimo.
Tanto Bruna Cunha Lima como sua esposa Juliana são bolsonaristas conservadores, que dizem atuar “pela família”, e encampam discurso parecido com o de Jair Bolsonaro (PL) contra a homossexualidade e o uso de drogas.
O primeiro jornalista a apurar o vazamento do vídeo e apontar essa suposta incoerência de uma família conservadora foi Ricardo Antunes, no Blog do Ricardo Antunes, de Pernambuco.
“A gente não pode esquecer que o Nordeste ainda é uma região muito conservadora. A gente tem basicamente 65% que gostam de Lula, pelo o que ele representa, e tem uma base conservadora, aquele pessoal que quer manter seus ‘valores’. E o bolsonarismo está criando raízes. O fato dessa contradição entre discurso e prática certamente fez com que o vídeo viralizasse”, afirma o jornalista.
Segundo Ricardo Antunes, Bruno Cunha Lima e sua esposa Juliana “são muito próximos” do governo Bolsonaro. “Tem uma relação com Michelle [Michelle Bolsonaro, primeira-dama], fizeram campanha para o Bolsonaro, a própria Damares [Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos]. Tem fotos de Damares com eles. É um pessoal muito conservador”, prosseguiu.
Ninguém ligado à prefeitura, até o momento da publicação desta matéria, se pronunciou sobre o vídeo. Juliana Cunha Lima, inclusive, excluiu sua conta do Instagram após a viralização do vídeo. Fórum entrou em contato com a prefeitura de Campina Grande e aguarda um retorno. O espaço segue aberto para eventual manifestação.
Ao blog do Ricardo Nunes, a prefeitura informou que Bruno Cunha Lima não vai se manifestar por se tratar de um assunto pessoal.
Histórico de coronelismo
O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, é de uma família tradicional da Paraíba que atua com uma espécie de coronelismo na região.
Ele é sobrinho-neto do ex-governador Ronaldo Cunha Lima (PSDB), que é pai do também ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), do grupo político do ex-governador de Minas Gerais e atual senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Falecido em 2012, Ronaldo Cunha Lima, em 1993, chegou a ser preso em flagrante após dar dois tiros à queima-roupa no ex-governador Tarcísio de Miranda Burity.