Pesquisa: 80% da população chilena quer uma nova Constituição, para substituir a de Pinochet

A sondagem realizada pelo instituto Termômetro Social também mostra que 83% das pessoas está a favor de um plebiscito sobre a criação ou não de uma assembleia constituinte, 72% acha que o presidente Sebastián Piñera está reagindo mal à crise e 31% está de acordo com a ideia de que os movimentos sociais sejam mediadores do conflito

Uma pesquisa realizada pelo instituto Termômetro Social, publicada neste domingo (3) mostra que as manifestações realizadas no Chile contam com altíssimo apoio popular: 85% das pessoas concordam com a mobilização e 56% afirmam já ter participado de ao menos um ato.

Contudo, o número mais interessante, visando os possíveis caminhos que a atual situação pode tomar, tem a ver com a questão constitucional. Uma das demandas que o movimento social começou a defender durante os protestos é a da assembleia constituinte, para substituir a atual carta magna chilena, imposta pelo ditador Augusto Pinochet em 1980.

Nesse sentido, segundo a pesquisa, 80% das pessoas se disse a favor da elaboração de uma nova constituição. Os que disseram estar contra uma mudança constitucional foram apenas 7%. Além disso, 66% disseram considerar esta a questão política mais importante do país neste momento.

A pesquisa não fez uma pergunta sobre assembleia constituinte, mas sim sobre um possível plebiscito (mecanismo que poderia resultar na convocação de uma assembleia), e nessa questão, foram 83% os entrevistados que disseram ser favoráveis a essa ideia. Durante a semana, o prefeito de Valparaíso, Jorge Sharp (Frente Ampla), anunciou que realizará um plebiscito sobre assembleia constituinte na sua cidade, e convidou outros prefeitos do país a fazerem o mesmo.

Sobre as instituições, 72% das pessoas acham que o presidente Sebastián Piñera não está sabendo lidar com a situação. O Congresso Nacional não tem desempenho muito melhor: 70% desaprovam a reação dos deputados e senadores ao atual momento político. No caso das Forças Armadas e da Polícia, a rejeição foi de 57%.

Outro dado interessante é que 31% se disseram a favor da ideia de que os movimentos sociais atuassem como mediador do conflito com o governo. Esse número chama a atenção pelo fato de que nenhuma organização específica esteja liderando os protestos até este momento.

A pesquisa foi realizada nos dois últimos dias de outubro, e entrevistou 1033, em 20 cidades diferentes.

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