Opinião: Congresso com terreno movediço
No retorno ao Brasil hoje, vindo de mais um giro internacional, desta feita a terras lusitanas, o presidente Lula (PT) vai se deparar com uma mudança brusca no cenário político. Um Congresso com tendência de relevar a pauta principal, que passa pela discussão do arcabouço fiscal e reforma tributária, para cuidar de investigações.
Investigações de toda natureza por quatro CPIs. A mais importante e barulhenta, destinada a mergulhar nos meandros ainda incertos e misteriosos, será mista, envolvendo senadores e deputados: a do fatídico 8 de janeiro. Mas tem mais: na Câmara, o presidente Arthur Lira (PP-AL) anuncia hoje mais três CPIs.
A primeira, para investigar quem está por trás das invasões criminosas do MST, inclusive em propriedades produtivas e públicas, como é o caso de uma área da Embrapa, em Petrolina. A segunda, diz respeito à manipulação de resultados de jogos de futebol e a terceira, por fim, trata da hecatombe econômica das Lojas Americanas.
Com tantas atribuições em CPIs, a Câmara corre o risco de ter sua pauta principal relegada a segundo plano. Não é de hoje – e a história registra muito bem – que o Congresso já sofreu com paralisações que pareciam não ter fim. A última foi a CPI da Pandemia, que, como a grande maioria, não deu em nada, acabando em pizza.
Se Lula não cuidar em arrumar a Casa, construindo uma maioria sólida, o que ainda é um longo caminho pela frente, seu Governo tende a não aprovar nada neste primeiro semestre, nem mesmo o arcabouço fiscal, prioridade de tentativa de colocar as contas da União em dia, promovendo o equilíbrio fiscal.
Relação promíscua – Uma das comissões parlamentares de inquérito com forte ingrediente a tirar o Governo do sério é do Movimento dos Sem Terra. A bancada ruralista desconfia de gente poderosa patrocinando as invasões, principalmente depois que Lula incluiu na sua comitiva na viagem à China Stédile, o principal líder do MST, responsável pela inquietação no campo e pelas últimas ocupações em fazendas produtivas na Bahia. Qualquer um ficaria com um pé atrás.
Por: Magno Martins