A devassa que a Polícia Federal faz nos celulares do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, revelou um detalhe constrangedor a respeito das paranoias do ex-presidente. As mensagens constam no relatório parcial da análise dos aparelhos divulgado na última sexta-feira (16).
Na conversa em questão, o coronel Jean Lawand Júnior escreve para o então ajudante de ordens implorando para que convencesse Bolsonaro a colocar um plano golpista em marcha.
“Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele [Bolsonado] dê a ordem, que o povo tá com ele. Se os caras não cumprirem, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses caras não cumprir a ordem do Comandante Supremo (SIC)”, diz Lawand em áudio enviado a Cid.
O ex-ajudante de ordens então revelou que o Presidente da República não daria a ordem simplesmente porque não confiava nos oficiais do Alto Comando do Exército.
“O PR não pode dar uma ordem se não confia no ACE”, respondeu Cid.
“Ferrou”, respondeu Lawand. Após a divulgação das mensagens, o general Tomás Paiva, comandante do Exército, avalia anular a nomeação do coronel Jean Lawand Junior para a Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos, em Washington.
Já Cid está preso a quase dois meses e se negou a falar durante depoimentos prestados à PF. Recentemente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e um dos alvos das tentativas golpistas, autorizou a devassa nos celulares do ex-ajudante de ordens. No relatório revelado na última sexta (16) ficou comprovado que Cid carregava teses golpistas baseadas em interpretações conspiracionistas do artigo 142 da Constituição que supostamente prevê “intervenções militares” em caso do país estar mergulhado em algum tipo de “caos político”.
Além disso, também ficou revelado que sua esposa Gabriela Cid e Ticiana Villas-Bôas – filha do general Eduardo Villas-Bôas – também participaram do planejamento do golpe e indicaram que o Exército deveria dirigir os caminhoneiros no momento da ação.