Sem vacina em 2025, Estado investe em medidas de prevenção para Dengue

Conscientização para erradicar foco é a grande arma contra a Dengue, projeta Secretaria Estadual de Saúde

Por: Nicolle Gomes
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Foto: Freepik
Pernambuco se prepara para enfrentar as arboviroses em 2025. Após registrar 4.530 casos e 17 mortes por arboviroses em 2024, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) lançou o  Plano de Enfrentamento das Arboviroses 2025/2026. Se tratando de arboviroses (dengue, zika,  febre do oropouche e chikungunya), o principal ponto a ser coordenado nas ações de combate é a prevenção.
Diario conversou com Ana Márcia Drechsler, gerente das Arboviroses e Zoonoses da SES-PE, para entender como foi a elaboração desse plano após as conclusões do panorama do ano passado, especialmente com o desafio da Febre Oropouche, uma doença nova até então nunca identificada em território pernambucano.
“Em 2024, a gente teve um ano de muitos casos, muitas notificações, inclusive, pela questão do Oropouche, que não é transmitido pelo Aedes Aegypti, é transmitido pelo Culicoides paraensis, o maruim. Então tivemos misturados esses números”, explicou.
A gerente das Arboviroses e Zoonoses destacou que conforme as necessidades específicas observadas no decorrer de 2024, cada região terá os respectivos cuidados, buscando evitar, sobretudo, mortes.
“Hoje não estamos falando só de áreas urbanas, porque no ano passado a maioria dos nossos óbitos não foi daqui da região metropolitana. Então o que a gente visualizou casos em área rural, em população indígena, a gente teve um número de óbitos a mais que é exatamente o que a gente não quer”, comentou.
Prevenção é a chave
O planejamento deste ano tem como prioridade a articulação entre os setores da saúde, e busca engajar a população, que tem papel fundamental nesse contexto, segundo Ana.
“Esse plano ele perpassa por todas as áreas e ele não é construído só pela vigilância das arboviroses, ele passa por várias diretorias. O que a gente quer hoje com esse plano é que todo mundo trabalhe integrado. A gente da vigilância não consegue trabalhar sozinho, a gente trabalha junto com a urgência, com a especializada, com os grandes hospitais, com atenção primária, principalmente com a prevenção”, desenvolveu.
“Uma coisa que a gente quer muito nesse ano é ter esse cuidado na prevenção. Nossos maiores números de casos são em março e abril, então a gente já vem se preparando na questão da prevenção, também na questão ambiental. Se fala muito na questão dos casos, mas por trás disso tem a questão ambiental e vetorial. Se a gente faz um trabalho bem feito em rede, a gente consegue diminuir os casos diminuindo o nascimento do mosquito. Está também incluída no plano a educação permanente nas escolas. A gente tá reforçando cada vez mais, porque se a gente não tiver a população bem informada e ajudando fica muito difícil”, acrescentou.
Ana Márcia também reforçou a importância da fase de identificação de focos do mosquito dentro dos domicílios, parte fundamental do processo de combate.
“A maioria dos criadores, estão dentro do domicílio, e muita gente hoje não abre suas portas. Então estamos trabalhando isso principalmente nesse início porque já começou o primeiro ciclo. Para que as pessoas abram suas casas, para que se forem encontrados possíveis criadouros, que sejam eliminados, e tratados se necessário. E que também seja realizada toda a parte de informação, porque não adianta entrar na casa de um comunitário fazer o trabalho e não explicar”, ressaltou.
Vacina
Pernambuco possui vacina para crianças de 10 a 14 anos, mas que teve baixa adesão no último ano. Ana falou também como é importante alcançar essa público da vacinação.
“Temos vacina de 10 a 14 anos para dengue, mas a adesão não foi alta. Normalmente a gente tem para essa faixa etária, mas existe uma nova que está sendo desenvolvida pelo Butantan que vai abranger outras pessoas, mas a gente precisa também desse reforço de importância dessa vacina nessa população”, disse.
Como o Plano vai funcionar
As ações serão organizadas com base nas seguintes classificações: resposta inicial, alerta e emergência.
A resposta inicial (nível 1) será ativada quando identificado o aumento da incidência de casos prováveis de arboviroses, com base no diagrama de controle, por quatro semanas epidemiológicas consecutivas e com positividade laboratorial entre 20% e 40% das amostras. Além disso, o monitoramento se dará também a partir da identificação da reintrodução de sorotipos ou cepas dessas doenças.
Já o alerta (nível 2) terá sua ativação realizada a partir da incidência de dengue e/ou Chikungunya ultrapassando o limite máximo no diagrama de controle por quatro semanas consecutivas ou mais; necessidade de abertura de leitos para assistência aos casos graves; caso confirmado laboratorialmente (RT-PCR) de Zika; Epidemias simultâneas de dois ou mais agravos e positividade laboratorial acima de 40% das amostras.
A resposta de emergência (nível 3) será acionada com a visualização da permanência das notificações acima da linha superior do diagrama de controle com permanência do cenário de aumento de casos; identificação da mortalidade (≥) 0,06/100 mil habitantes e letalidade ≥ 1,0/100 mil casos.

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