Altman critica acordo na Câmara e não vê compromisso de DEM, PSDB e MDB com a democracia

Jornalista Breno Altman lembra que esses partidos estiveram por trás do golpe de 2016 contra a ex-presidente Dilma Rousseff

Jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi
Jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi (Foto: Felipe Gonçalves / Brasil 247)

 “Não é estranho que partidos de esquerda componham um bloco com a oposição de direita no mesmo dia em que Maia, cedendo a Bolsonaro, tira da pauta a votação da renda emergencial? Além do mais, afirmando que DEM, PSDB e MDB têm compromisso com a democracia?”, escreveu o jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, em seu twitter. Saiba mais sobre o caso:
(Reuters) – Partidos de oposição anunciaram nesta sexta-feira apoio ao bloco liderado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na disputa por sua sucessão ao comando da Casa, o que levou o deputado a anunciar a formação de uma aliança com 11 legendas para a disputa.

“Enquanto alguns buscam corroer e lutam para fechar nossas instituições, nós aqui lutamos para valorizá-las. Enquanto uns cultivam o sonho torpe do autoritarismo, nós fazemos a vigília da liberdade. Enquanto uns se encontram nas trevas, nós celebramos a luz”, disse Maia ao ler o documento, ao lado de líderes e representantes dos partidos.

O bloco de Maia, que ainda não tem um candidato definido, enfrentará o líder do PP, Arthur Lira (AL), que é apoiado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Dois nomes são considerados os favoritos para representar o bloco do atual presidente da Câmara: o líder do MDB, Baleia Rossi (SP), e o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), mas o PT informou que também apresentará um nome do próprio partido ou da oposição a ser apreciado pelo grupo.

De acordo com Maia, o bloco vai dialogar nos próximos dias para definir o nome “mais da centro-direita, mas que também pode sair do campo da centro-esquerda” para representar o grupo.

“Da esquerda ou da direita, mas principalmente que possa representar e manter uma união de partidos com ideias tão diferentes, mas como grande convergência na defesa da democracia, da liberdade e das instituições democráticas”, afirmou.

Os partidos de oposição, que eram considerados fiéis da balança na disputa, reconheceram as diferenças com a agenda econômica defendida por demais legendas do bloco, mas exaltaram a união contra o governo.

“Vamos nos unir para enfrentar o inimigo maior, o inimigo maior da nação brasileira se chama Jair Messias Bolsonaro, e ele será derrotado na eleição da Mesa da Câmara”, disse o deputado Orlando Silva, que assinou o documento em nome do PCdoB, em discurso no plenário da Câmara, acrescentando que a oposição continuará a lutar contra a agenda econômica defendida por Maia, apesar da aliança.

Também em discurso no plenário, Arthur Lira acusou Maia de promover uma ditadura no comando da Casa e disse que os dois nomes cogitados para concorrer pelo grupo rival também fazem parte da base do governo. Aguinaldo, inclusive, é do mesmo partido de Lira.

“Essa Casa vive hoje uma ditadura de representatividade. Não tem rodízio proporcional para os relatórios de MPs, PLs, PECs, e quando o relator é escolhido ninguém nem sabe”, afirmou.

“Não tem mais função o colégio de líderes nessa casa, não tem mais o princípio de proporcionalidade para entrega das matérias”, disse. “Nós estávamos calados o tempo todo, mas agora não mais.”

A eleição para a presidência da Câmara ocorrerá em fevereiro. Para ser eleito, o candidato precisa de maioria absoluta dos votos (257) em primeira votação, ou ser o mais votado no segundo turno.

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