Amigos e rivais: brasileiros se dividem entre torcer pela Argentina ou secá-la

Felipe Filósofo (à esquerda) e João Marcello Calil: torcedores e secadores da Argentina. Calil usa a camisa do Chile, que, vencendo o Brasil, complica os hermanos, para assustar o rival
Felipe Filósofo (à esquerda) e João Marcello Calil: torcedores e secadores da Argentina. Calil usa a camisa do Chile, que, vencendo o Brasil, complica os hermanos, para assustar o rival Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
Augusto Decker

O que leva um sujeito brasileiro, que não tem parentes argentinos, a torcer para os” “hermanos” desde pequeno? Parece que nem os adeptos dessa prática sabem.

— Eu nasci em 1981, comecei a torcer no final da década. Eu via Maradona e outros, porque naquela época havia muito mais “bad boys”. Me apaixonei. Isso é amor, não tem explicação — explica Felipe Ribeiro, professor de filosofia e compositor que se identifica como Felipe Filósofo.

Ele é um dos muitos brasileiros apaixonados pelo futebol argentino. Na terça-feira, estará ansioso em frente à televisão quando a seleção azul e branca enfrenta o Equador na altitude de Quito. Se vencer, os argentinos já garantem, ao menos, uma vaga na repescagem.

Em terras verde e amarelas, há também os secadores. João Marcello Calil, analista de TI de 28 anos, é um deles: confessou que vai torcer até para o Brasil perder para o Chile para atrapalhar os hermanos. E sabe muito bem o porquê.

— É uma rivalidade sadia, mas eu gosto dela. Convenhamos, é muito engraçado que eles tenham jejum de títulos desde 1993. Quero que isso dure mais — brinca.

Felipe concorda que a “treta” da Argentina com o Brasil fica só dentro de campo.

— Brasil e Argentina são como Batman e Coringa: um não vive sem o outro.

Um exemplo dessa relação de altos e baixos foi a Copa de 2014. Os argentinos foram bem recebidos no Brasil, sentiram-se acolhidos e fizeram a festa. Mas quando jogaram a final no Maracanã, foram secados por praticamente todo o país.

— Fizeram uma música dizendo que nós éramos fregueses deles! Imagina a loucura que eles fariam se tivessem sido campeões aqui — brincou João.

Felipe foi um dos “secados”. Ele estava no Maracanã e viu Lahm levantar a taça de campeão. Para ele, foi ali que o problema todo começou.

— Toda a crise de hoje é por causa do psicológico. Perdemos uma Copa do Mundo e duas Copas América. Os jogadores estão sob muita pressão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *