Arqueólogos encontram pela 1ª vez em 60 anos caverna onde eram escondidos manuscritos do mar Morto

Escavações em colinas a oeste de Qumran, na Cisjordânia, revelaram potes e jarros que teriam servido para esconder pergaminhos roubados; última descoberta relacionada a documentos ocorreu nos anos 1950

Arqueólogos descobriram uma caverna onde foram escondidos os manuscritos do mar Morto, durante escavações nas colinas a oeste de Qumran, na Cisjordânia. Pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Universidade Liberty, nos Estados Unidos, afirmaram que a descoberta de potes, jarros e um pedaço de pergaminho enrolado que estava sendo processado para escrita comprova que a caverna era mais um dos abrigos dos pergaminhos, roubados no século passado.

“Esta emocionante escavação é o mais próximo que chegamos a descobrir novos manuscritos do mar Morto em 60 anos. Até agora, era aceito que os pergaminhos do Mar Morto haviam sido encontrados apenas em 11 cavernas em Qumran, mas agora não há dúvida de que esta é a 12ª caverna”, disse Oren Gutfeld, arqueólogo do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica e diretor da escavação. “Encontrar essa caverna adicional significa que não podemos mais ter certeza de que os locais originais atribuídos aos pergaminhos do mar Morto que chegaram ao mercado através dos beduínos são precisos”.

Entre os artefatos encontrados na escavação, constam “potes onde os manuscritos eram escondidos, uma tira de couro para amarrar os pergaminhos e um pano para enrolá-los”, detalhou Gutfeld. Segundo o pesquisador, apesar de não terem sido encontrados documentos no local, a descoberta “indica sem dúvidas que a caverna continha manuscritos, que foram roubados”. O anúncio foi feito no dia 9.

Casey L. Olson e Oren Gutfeld

Fragmento de pergaminho encontrado na caverna, além de potes e jarros, comprovam que manuscritos do Mar Morto foram escondidos no local, afirmam arqueólogos

Os objetos foram encontrados ao longo das paredes e em um túnel ao fundo da caverna, junto a duas cabeças de picaretas de ferro da década de 1950, deixadas dentro do túnel. A suspeita é que os valiosos manuscritos tenham sido pilhados por beduínos na metade do século passado. Além dos vestígios relacionados aos pergaminhos, os arqueólogos encontraram um selo feito de uma pedra semipreciosa, uma evidência de que a caverna foi habitada na antiguidade, durante os períodos calcolítico e neolítico.

Esta é a primeira escavação a ser realizada na parte norte do deserto da Judeia como parte da “Operação Pergaminho”, realizada pelo IAA (Autoridade de Antiguidades de Israel). “Ainda há muito trabalho a ser feito no deserto da Judeia e descobertas de grande importância ainda estão à espera de serem encontradas”, disse Israel Hasson, diretor-geral da IAA, que destacou que há uma “corrida contra o tempo”, referindo-se ao risco de terem patrimônio roubado por ladrões de antiguidades. “O Estado de Israel precisa mobilizar e alocar os recursos necessários para lançar uma operação histórica, juntamente com o público, para realizar a escavação sistemática de todas as cavernas do deserto da Judeia”, afirmou.

Os manuscritos do mar Morto são uma coleção de centenas de textos e fragmentos de texto, compilados por judeus que viveram na região de Qumran desde o século II a.C. até o ano 70, aproximadamente. Os manuscritos contêm partes da Bíblia Hebraica, sendo a versão mais antiga do texto encontrada até hoje.

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