Cabeças pretas do tucanato voam para o PPS

Josias  de Souza

Os deputados tucanos Daniel Coelho (PE) e Pedro Cunha Lima (PB) preparam o desembarque do ninho. Líderes do grupo dissidente do PSDB, que ficou conhecido como ‘cabeças pretas’, os dois participam como observadores do Congresso Nacional do PPS, que ocorre em São Paulo neste final de semana. Ensaiam uma migração partidária que deve se consumar com um ato de filiação, na terça-feira. Outros tucanos cogitam seguir o mesmo caminho.

O PPS passa por uma fase de reformulação. Está absorvendo na sua estrutura movimentos cívicos como Agora!, Acredito e Livres, que se propõem a renovar a política. Ex-Partidão, o PPS planeja mudar de nome. Sua prática liberal já não orna com o ‘Socialista’ da sigla. Pode virar ‘Movimento 23’. Os quase ex-tucanos Daniel Coelho e Pedro Cunha Lima condicionam o ingresso no PPS à formalização das mudanças. Por isso participam do Congresso partidário.

Consumando-se a troca, o pernambucano Coelho e o paraibano Cunha Lima comandarão os diretórios desse PPS em mutação nos seus respectivos Estados. No caso de Coelho, sua provável entrada já resultou na saída de Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública do governo de Michel Temer. Quadro tradional do PPS, Jungmann formalizou sua desfiliação por meio de carta endereçada há três dias a Roberto Freire, presidente da legenda. Saiu batendo a porta.

“Desligo-me do partido […] por discordar da forma pela qual se deu a entrega do seu comando partidário aos que nele ingressarão, uma forma autoritária, que desconsiderou instâncias, sem transparência e ao arrepio da democracia interna”, anotou Jungmann. “Chegou-se ao cúmulo do arbítrio de impedir e retirar membros indicados da delegação do Estado de Pernambuco ao Congresso Nacional do partido e substitui-los ao sabor das preferências do sr. presidente nacional, sem qualquer comunicação à direção estadual!”

Jungmann acrescentou: “Nada temos a opor à entrada de novos quadros no partido; aliás, ela se faz necessária diante dos desafios à frente. Mas, à custa do respeito e história dos que fazem e fizeram o PPS, é inaceitável e humilhante.”

No caso de Pedro Cunha Lima, a revoada envolve um detalhe peculiar. O deputado é filho do senador Cássio Cunha Lima que, tomado pelos cabelos grisalhos, pode ser considerado um ‘cabeça branca’ do PSDB. Principal liderança do tucanato na Paraíba, Cássio representa o PSDB na cadeira de vice-presidente do Senado Federal.

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