Com onda de violência no Recife, universitárias vivem clima de insegurança

Homem com deficiência mental é acusado de ter agredido aluna na Universidade Católica

Marília Neves

Dois casos relatados por estudantes da Unicap deixaram mulheres mais alertas, após série de estupros que vêm ocorrendo na cidade

A onda de violência contra as mulheres em Pernambuco vem deixando a população amedrontada. Segundo a Secretaria de Defesa Social do Estado, de janeiro a agosto de 2016, foram registrados 1.126 casos de estupro. O crescimento dos casos fez com que o Governo do Estado criasse uma Força Tarefa para conter tais crimes, e, nas últimas semanas, a população ficou chocada com dois casos recentes de violência sexual contra jovens de classe média no Recife.

Relatos dos dois estupros – contra uma estudante de medicina de 29 anos, em 16 de agosto, e uma empresária, 32, na última quinta-feira (8) – espalhou ainda mais a sensação de insegurança, que chegou aos muros da Universidade Católica de Pernambuco, na área central da cidade.

Na tarde dessa última segunda-feira (12), o Setor de Segurança da unidade de ensino foi abordado por uma aluna, cuja identidade não foi revelada pela instituição, informando que um “homem de camisa roxa” encontrava-se dentro de um dos banheiros femininos situados no bloco B da instituição. Assustada, a jovem procurou os seguranças do local. Vídeos das câmeras de segurança da Católica confirmaram a presença do rapaz, porém nenhuma “agressão física ou verbal” foi relatada pela jovem segundo o setor de segurança.

Flávio Japa/Folha de Pernambuco

“O sentimento é de ter cuidado na hora de andar pelos corredores”, diz Thaís Souza

Em nota, a própria instituição declarou que o homem não apresentava nenhuma característica suspeita e que ele “foi visto, acompanhado de uma moça, caminhando sem pressa em direção à rua Afonso Pena”. Apesar disso, o “mal entendido” se espalhou pelas redes sociais e WhatsApp e um rapaz que seria deficiente mental acabou sendo acusado de “agressor”.

A família do suspeito procurou a universidade e declarou que ele possui problemas mentais e que “costuma pedir dinheiro, mesmo sem precisar”. Mesmo assim, a foto dele está circulando nas redes sociais e, conforme declararam os parentes à Unicap, o jovem está sofrendo ameaça de morte. Os familiares temem pelo linchamento dele e, para evitar uma tragédia, a família o mantém em casa.

O fato remete a outra situação registrada na própria Católica. No último dia 31 de agosto, a segurança também recebeu denúncia de outra estudante, também não identificada. Por meio de nota, a Católica explicou que “uma aluna (…) denunciou ter sido abordada, no hall do bloco G, de forma invasiva, por um rapaz, e de pronto foi orientada a registrar um Boletim de Ocorrência”.

Conforme a instituição, a aluna informou que não conseguiu registrar o B.O. na Delegacia da Mulher por não ter como realizar exame de corpo de delito.

Flávio Japa/Folha de Pernambuco

“Meu maior medo andar nas ruas dos arredores daqui”, revela Renata Samara

Os casos ganharam repercussão nas redes sociais e na universidade. Um grupo de colegas do curso de Engenharia Química da Católica conta que tenta evitar situações de risco, mesmo dentro dos corredores da universidade. “Eu ouvi falar através do WhatsApp o que havia ocorrido nos blocos G e B. O sentimento é de ter cuidado na hora de andar pelos corredores, que, às vezes, estão vazios, principalmente na hora das aulas. É muito esquisito”, explica Thaís Souza, 21. Para a universitária Renata Samara, 21, o medo de andar pelas ruas escuras das imediações da universidade é maior. “Apesar desses boatos, que ocorrem uma vez ou outra, eu me sinto segura aqui dentro. Meu maior medo andar nas ruas dos arredores daqui. Já houve relatos de assaltos na rua da Soledade”, conta Samara.

Estudante do curso de fisioterapia, Débora Santos, 18, conta que um primo do suposto agressor alegou que iria processar a quem reproduzisse a imagem do garoto com o intuito de difamá-lo. Contudo, ela não o conhece – até agora, se trata apenas de boato.

Para garantir a segurança dos alunos, a Católica informou que aumentou a segurança do local e que já mantém vigilantes armados 24 horas por dia, inspetores, fiscais de piso, porteiros, rádio comunicadores, câmeras tipo Dome móveis nos blocos A, D, C, G, R, Biblioteca Central, Clínica Corpore Sano, CTI e Museu de Arqueologia; além de setor de monitoração e alarmes eletrônicos. Em qualquer situação que envolva a falta de segurança, a instituição orienta a comunidade acadêmica a procurar o Setor de Segurança, localizado no térreo do bloco C, ao lado da Capela, ou pelo telefone (81) 2119.4094.

Fonte: FolhaPE

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