Delegada vai perder chefia da PF

 

As revelações do ex-ministro Sérgio Moro ao se despedir da pasta de Justiça começam a se confirmar com a primeira troca de comando da Polícia Federal: o do Rio de Janeiro. Depois, rola a cabeça da superintendente de Pernambuco, Carla Patrícia Cintra. A troca no comando da Polícia Federal no Rio tem a ver com interesses familiares do presidente da República. O senador Flávio Bolsonaro, filho do capitão, é investigado num processo sobre esquema conhecido como “rachadinha”.

Trata-se de acerto fraudulento de contratação de assessores em seu gabinete como deputado estadual carioca, sob condição de abrirem mão de parte do salário em favor de quem o contratou. Em depoimento que prestou sábado passado à PFL em Curitiba, Moro lembrou que a pressão de Bolsonaro para mudar o comando da Superintendência da PF no Rio ocorria desde agosto e foi objeto de declarações públicas do próprio presidente. Dois inquéritos tramitam na PF fluminense e interessam à família Bolsonaro, porque estão perto de um desfecho.

O inquérito eleitoral que investigava se o senador Flávio Bolsonaro cometeu lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral ao declarar seus bens nas eleições de 2014, 2016 e 2018 foi encerrado com pedido de arquivamento e enviado para o Judiciário em março. Já o procedimento que apura eventual falso testemunho no depoimento do porteiro nas investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco está sendo relatado e deve ser concluído nos próximos dias.

No caso da Superintendência de Pernambuco, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-bolsonarista, garante que o motivo da insistência do presidente em substituir a superintendente Carla Patrícia Cintra é movido ao ódio nutrido por Bolsonaro contra o presidente do PSL, Luciano Bivar. Segundo ela, Bolsonaro quer usar a PF para perseguir inimigos, como Bivar, que teria se recusado a repassar R$ 10 milhões para o diretório do PSL de São Paulo, que era presidido por Eduardo Bolsonaro, qualificado por Hasselmann como o filho mais perigoso de Bolsonaro.

Bivar é alvo de inquérito aberto a pedido do Ministério Público Eleitoral pelo chamado “laranjal do PSL”, que também teria favorecido a campanha de Jair Bolsonaro em Estados como Pernambuco, Minas Gerais e Ceará. A mudança seria ainda motivada para acelerar os processos da Lava Jato contra a cúpula do PSB no Estado, liderada pelo governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, citados em processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal. (Magno Martins)

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