Desfile de 7 de Setembro começa com gritos de ‘Fora Temer’

Michel Temer acompanhado da primeira-dama Marcela
Michel Temer acompanhado da primeira-dama Marcela Foto: André Coelho / O Globo
O presidente Michel Temer foi recebido com vaias ao chegar ao desfile de 7 de setembro, às 9h da manhã desta quarta-feira. É o primeiro evento aberto do presidente após a efetivação no cargo.

Temer chegou com a primeira-dama, Marcela Temer, sem a faixa presidencial. Ele foi vaiado e ouviu gritos de “Fora Temer” e “golpista”. Também houve aplausos. Os gritos vieram de uma arquibancada em frente à tribuna presidencial, onde também estão ministros.

Houve gritos de ordem na arquibancada em frente à tribuna dos dois lados: pró e contra Temer. O “Fora, Temer ” era rebatido pelo “A nossa bandeira jamais será vermelha”, e vice-versa. Cerca de 3 mil agentes, entre militares e policiais, fizeram a segurança.

Ministro Ricardo Lewandowski, Marcela, Michel Temer e Rodrigo Maia
Ministro Ricardo Lewandowski, Marcela, Michel Temer e Rodrigo Maia Foto: André Coelho / O Globo

Enquanto era vaiado, o presidente Michel Temer não olhou para a arquibancada de onde vinham os protestos. Seguiu olhando fixo para frente. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, no entanto, olhou para a arquibancada.

Três mulheres saíram da arquibancada logo depois da chegada de Temer. Elas estavam entre os que puxaram os gritos. Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, a arquibancada estava destinada a convidados dos funcionários do Planalto. Ainda de acordo com a assessoria, a Presidência não faz crivos quanto aos convidados.

Lucas Behrto foi um dos que vaiaram Temer. Ele é estudante da Universidade de São Paulo (USP) e está em Brasília para cursar uma disciplina do curso de Gestão de Políticas Públicas. Lucas diz que recebeu o convite com toda a turma. Nesta terça-feira, em visita ao Congresso, o grupo gritou “Fora, Cunha”.

— Eu gritei “Fora, Temer” porque acho que é um governo golpista. Eu não gostava da gestão da Dilma, não defendo o PT nem nada. Só quero novas eleições — conta o estudante de 20 anos.

As outras arquibancadas foram liberadas para o público. A organização se preparou para receber 20 mil pessoas nessas estruturas, além de outras 20 mil acompanhando o desfile ao longo da Esplanada. Segundo a segurança do evento, nenhum manifestante foi retirado da área do desfile.

Um grupo somente com os atletas olímpicos militares desfilou em separado na abertura do desfile. À frente, o medalhista de bronze na ginástica olímpica, Arthur Nory. O grupamento de atletas de alto rendimento das tropas armadas conquistou 13 medalhas nos Jogos do Rio, sendo cinco de ouro, três de prata e cinco de bronze.

O pelotão da Polícia Federal foi muito aplaudido pelas arquibancadas. Desfilaram agentes de segurança em fronteiras, com cães treinados.

Desfile de 7 de Setembro
Desfile de 7 de Setembro Foto: Ailton Freitas / O Globo

MANIFESTAÇÕES CONTRA O IMPEACHMENT

Nos momentos finais do desfile mais protestos contra Temer. Manifestantes gritavam as palavras de ordem: “fascistas, golpistas não passarão” e “fascistas, golpistas não governarão”.

O Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios, foi o local de concentração de protestos agendados para começar depois do desfile cívico-militar. Com um cartaz bem-humorado satirizando a maneira formal de se expressar do presidente Michel Temer, em que se lê “Derrubá-lo-emos”, três amigos pedem novas eleições:

— O que deveria ter acontecido é a chapa Dilma-Temer ter sido cassada pelo TSE. Mas eles se acovardaram. Agora, que já conseguimos tirar a Dilma, falta o Temer — diz Vítor Rebelo, 21 anos, estudante de Direito.

A ideia o cartaz veio do também estudante de Direito Caetano Nunes, de 18 anos.

— É mais uma sátira contra o linguajar dele. A gente vive tirando sarro do jeito que ele fala — conta, rindo.

Às 11h50, uma estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) calculava 2.700 manifestantes no local.

No Rio de Janeiro, pouco depois das 11h, depois de encerrada a parada militar de 7 de Setembro na Avenida Presidente Vargas, na Região Central, a Polícia Militar liberou parte da via para uma manifestação contra o governo Temer que reúne algumas centenas de pessoas.

O grito de “Fora Temer” é o que une grupos heterogêneos que participam do ato. Protestos contra as reformas tributária e trabalhista que serão enviadas pelo governo ao Congresso também são pautas comuns. Há bandeiras de centrais sindicais, como a CUT e a CTB, de movimentos sociais, como a Fist (Frente Internacionalista dos Sem Teto), de siglas políticas de esquerda, como PT, PSOL, PCdoB, PCO e PCB e até grupos que se declaram contrários a eleições e incluem a ex-presidente Dilma como alvo dos protestos.

A previsão é que a manifestação siga da esquina da Avenida Presidente Vargas com a Rua Uruguaiana até a Praça Mauá, também no Centro do Rio.

Em São Paulo, o “Grito dos Excluídos” segue de forma pacífica em direção ao Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque Ibirapuera, na Zona Sul. O ato organizado pela Central de Movimentos Populares (CMP) protesta contra o sistema capitalista e o governo de Michel Temer.

 

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