É falso: casos de câncer não aumentaram após vacinação contra Covid-19

O Instituto Nacional do Câncer informou que não houve aumento de casos de câncer após a vacinação. Números do Datasus mostram redução entre o número de 2019 e o de 2022

Reportagem: Agência Tatu

 

Circula nas redes sociais a insinuação de que a imunização teria relação com um suposto aumento de casos de câncer no país. O Instituto Nacional de Câncer, o INCA, e outros órgãos de saúde desmentiram a ideia. Dados oficiais obtidos a partir da plataforma Tabnet, do Datasus, mostram redução de diagnósticos de câncer entre 2019 e 2022.

O que estão dizendo?

A informação circula com uma foto da ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, Paula Borgo, que morreu vítima de um câncer de estômago. A imagem da atleta é usada para insinuar que casos de câncer teriam aumentado após a imunização contra a Covid-19.

Não há nenhuma evidência de que haja relação entre qualquer vacina contra a Covid-19 e casos de câncer, como informou o Instituto Nacional de Câncer (INCA) ao Nordeste Sem Fake. “Não há registro de aumento de casos oncológicos durante ou pós Covid-19 associado a infecção por SARS-CoV2 ou mesmo pela vacina”, afirmou o instituto, que é referência nacional em pesquisa e tratamento do câncer.

Agência Tatu também analisou o número de diagnósticos de câncer no Brasil a cada ano. Os dados são do Datasus.

Histórico de diagnósticos do câncer no Brasil

Passe o mouse sobre a linha e veja o número de casos por ano

A série histórica mostra uma tendência de aumento no número de diagnósticos de câncer ano após ano. Entre 2017 e 2018, por exemplo, o aumento foi de 48%. No entanto, na comparação entre 2019 – ano sem pandemia – e 2022 (com mais de 180 milhões de pessoas imunizadas com a 1ª dose), houve uma redução de 1,91% nos diagnósticos de câncer.

Em 2020 o número de casos diagnosticados caiu 8,8% e voltou a subir (7,5%) no ano seguinte. A oncologista Ignez Braghiroli, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), relaciona esse movimento aos efeitos da pandemia. “A pandemia causou atraso de exames, dificuldade de acesso a consultórios e as pessoas ficaram sem ir ao médico. [Depois], voltaram a fazer seus exames e começou a ter diagnóstico”, aponta.

A oncologista reforça que não existe relação entre vacinas e o câncer. “As vacinas não causam câncer. Pelo contrário, elas protegem: a de hepatite B protege contra câncer do fígado, a de HPV protege contra câncer do colo do útero”, explica a médica.

O Ministério da Saúde se posicionou sobre a circulação do conteúdo falso e fez um alerta nas redes sociais. “Todas as vacinas passam por rigorosos testes e análises antes de serem aplicadas na população e não há qualquer comprovação científica quanto ao risco de pessoas desenvolverem câncer por serem vacinadas”, diz a postagem.

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