Gravidez aos 50 anos é sempre de risco, alertam ginecologistas

Larissa Almeida*

 

Gravidez aos 50 anos é sempre de risco, alertam ginecologistas(Reprodução)

Obstetras dão recomendações para quem, como Claudia Raia, engravida nessa idade

O anúncio de gravidez feito pela atriz Claudia Raia, de 55 anos de idade, pegou os brasileiros de surpresa. Desde então, dentro e fora das redes sociais, as pessoas têm discutido os riscos de uma gravidez para quem deseja ter filhos depois dos 35 anos, idade limite recomendada pelos médicos.

Especialista em ginecologia e obstetrícia, Caio Nogueira Lessa explica que um terço das gravidezes no Brasil já estão acontecendo após os 35 anos. A partir dos 40 anos, os casos chegam a 20%. Para ele, isso se deve ao avanço tecnológico e medicinal, mas os desafios enfrentados pelas gestantes são motivos de atenção especial. Ele alerta, principalmente, para as chances de perda por aborto espontâneo. “Entre 30 e 35 anos, há uma taxa de 15% a 20% de risco de abortamento. Após essa idade, essa curva inclina e chega a 50% de abortamento aos 40 anos. Aos 43 anos, há mais de 80% de risco”, afirma.

As doenças crônicas são outro fator que adiciona risco a uma gestação tardia. Segundo Lessa, mulheres que decidem engravidar depois dos 35 experimentam, em muitos casos, a gestação com o acompanhamento de doenças como diabetes e hipertensão. Ele conta que os avanços para lidar com as causas diretas, ligadas à própria gestação, têm aumentado. Por outro lado, explica que ainda não há controle médico para as causas indiretas.

“As causas indiretas é quando a gravidez perturba as doenças que a mulher já têm. Por exemplo, para mulheres que já têm idade avançada e pré-diabetes, por vezes a gravidez é o desafio final para elas terem um quadro de diabetes Mellitus Franco”, explica.

Quando o assunto é gravidez após os 50 anos, o ginecologista e obstetra Alexandre Amaral também é categórico. “Mulheres que querem ser mães acima dos 50 anos devem adotar”. Para ele, a adoção é o melhor caminho para evitar complicações para a gestante e o bebê. Contudo, para quem realmente quer passar pela experiência de gestar acima dessa idade, ele indica a necessidade de estar com a rotina ginecológica em dia. Isso inclui visitas periódicas ao ginecologista para avaliar as mamas, tireóide, o estado do útero e dos ovários.

“Aquelas que realmente desejam engravidar devem também procurar um ginecologista obstetra para avaliar a quantidade de óvulos e saber se ainda têm capacidade gestacional. Vale lembrar que o mais importante não é a quantidade, mas sim a qualidade desses óvulos. Todos os óvulos de uma mulher de 50 anos são mais velhos, então eles podem acarretar em uma gestação mais delicada para essa mulher. Por isso, é importante estar em dia com a saúde”, aconselha Alexandre Amaral.

Outra recomendação para quem deseja engravidar depois dos 50 anos é a realização de exames pré-concepcionais três meses antes do início das tentativas. Esses exames são feitos por coleta de sangue e imagens com o objetivo de detectar previamente patologias que possam interferir na gestação ou representar riscos para a gestante e o bebê.

O obstetra Caio Nogueira Lessa chama atenção para o fato de que 50% das gravidezes no Brasil não são sequer planejadas. Por isso, apesar de serem essenciais para evitar uma gravidez com complicações, esses exames não são normalmente feitos.

Lessa ainda sinaliza a importância do acompanhamento psicológico em alguns casos durante a gestação. “Gravidez em pacientes que tiveram eventos de abortamento, que têm muito receio de abortar ou que têm poucos óvulos congelados, porque já têm uma falência ovariana, ficam psicologicamente desafiadas nas fases iniciais da gestação por causa do risco de abortamento. Então, desde o início, elas devem começar o pré-natal e já ter esse acompanhamento”, orienta o ginecologista.

Reprodução assistida é alternativa para engravidar
Conectar o passado com o presente. É assim que o ginecologista e obstetra  Caio Nogueira Lessa explica a técnica de reprodução assistida por tentativa de inseminação. Embora  a atriz Claudia Raia não tenha declarado ter feito uso de alguma técnica para engravidar, Lessa afirma que é muito provável que a atriz tenha congelado seus óvulos no passado, uma vez que são raros os casos de óvulos saudáveis na idade dela.

Em entrevista concedida à revista TPM em 2020, Claudia já havia saído em defesa do direito das mulheres com mais de 50 anos terem oportunidade de conduzir suas vidas livremente. “Há 20 anos, era irreal que a mulher de 50 pudesse ter espaço no mundo, recomeçar sua vida, trocar de profissão, largar um casamento falido, ser mãe novamente depois de ter filhos crescidos… Mas ela se colocou, passou a existir. O Brasil está bem atrasado nisso porque o machismo é estrutural e cultural, mas estamos na luta”, ressaltou.

Para que mais mulheres possam ter mais autonomia, controle sobre quando engravidar ou garantia de fertilidade, Lessa recomenda que os óvulos sejam congelados até os 35 anos. Segundo ele, a reprodução assistida por inseminação tem entre 5% e 10% de chance de sucesso por tentativa, enquanto a fertilização in vitro tem 30% a 40% de chance de sucesso por tentativa. Em Salvador, os procedimentos podem ser feitos em clínicas que trabalham com reprodução assistida e ajudam quem deseja realizar o sonho de gestar.

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