Imagine se o vice fosse Magno Malta em vez do general Mourão

Homem de poucos amigos, Bolsonaro convidou inicialmente o senador Magno Malta para ser seu vice na campanha de 2018. O capixaba não aceitou porque não acreditava na vitória, obrigando o capitão-candidato a procurar outro nome. Especulações surgiram várias, até que Bolsonaro fixou-se no nome do general Hamilton Mourão. O general andara infringindo as normas do Exército ao emitir opiniões políticas no governo Dilma, porém isso não o inviabilizou para compor a chapa do PSL. Ele se filiou às pressas ao PRTB e de repente estava escolhido para ser o companheiro de chapa de Jair Bolsonaro.

Na campanha disse algumas bobagens que chegaram a provocar ruído na chapa presidencial, mas nada que o candidato a presidente não absorvesse sem maiores problemas pelo fato de o general não ser um político convencional. Hoje, dois meses e 8 dias após a instalação do governo, o vice não foi responsável por nenhuma crise. Muito pelo contrário, ajudou Bolsonaro a pôr um freio nos três filhos belicosos e opôs-se tenazmente a qualquer intervenção na Venezuela para afastar o presidente-ditador Nicolas Maduro. Enfim, tem sido a voz do bom sendo dentro do governo, fazendo contraponto ao próprio Bolsonaro e aos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Velez (Educação) e Damares Alves (Mulher e Direitos Humanos). O vice estaria na tarde desta sexta-feira no Recife para receber título de cidadão que a Câmara Municipal lhe outorgou, projeto do então vereador e atual líder da Oposição na Assembleia Legislativa, Marco Aurélio Medeiros.

A entrega foi adiada mas a pena prestar atenção ao que ele dirá, pois tudo o que falou depois da posse foi para ajudar o presidente a apagar incêndios e a abafar crises. Imagine agora se o vice fosse o ex-senador Magno Malta, arrogante, demagogo, oportunista, despreparado, pouco fidalgo, escondendo-se atrás da religião para angariar votos dos seus conterrâneos. Conseguiu enganá-los em 2010, mas em 2018 os capixabas o mandaram para Casa, deixando-o sem o Senado e sem a vice-presidência, no que fizeram muito bem. (Inaldo Sampaio)

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