‘O relato mais grave’: para aliados de Bolsonaro, depoimento de Freire Gomes à PF caiu como uma bomba

Ex-comandante do Exército também complicou a situação dos ex-ministros da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e da Justiça, Anderson Torres

Jair Bolsonaro e General Marco Antônio Freire Gomes
Jair Bolsonaro e General Marco Antônio Freire Gomes (Foto: Isac Nóbrega/PR)

O depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes emergiu como um ponto crítico no inquérito que investiga supostas articulações golpistas envolvendo Jair Bolsonaro (PL). Considerado pelos aliados do ex-mandatário como o “relato mais grave” até então, segundo Bela Megale, do jornal O Globo, o testemunho do general trouxe à tona detalhes perturbadores sobre encontros no Palácio da Alvorada, onde teriam sido discutidas medidas para impedir a posse do presidente Lula (PT) e consumar o golpe de Estado.

Freire Gomes descreveu sua participação em reuniões com Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, onde teria sido apresentada uma minuta golpista. O ponto mais alarmante é a confirmação de que o próprio Bolsonaro teria proposto e discutido o conteúdo do documento, delineando estratégias que incluíam a possibilidade de uso de instrumentos jurídicos como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa e Estado de Sítio em relação ao processo eleitoral.

Para os conselheiros jurídicos de Bolsonaro, a tarefa de explicar esses encontros como inofensivos à democracia se mostra desafiadora. A defesa atual se apoia na não assinatura de qualquer documento por parte de Bolsonaro, porém, tanto a Polícia Federal quanto o Supremo Tribunal Federal (STF) entendem que mesmo conspirar contra o Estado Democrático já configura um crime.

O testemunho de Freire Gomes também colocou em xeque o papel de outros membros do governo anterior. Ele apontou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres teria oferecido assessoria jurídica sobre a viabilidade de um eventual decreto golpista. Além disso, implicou o ex-ministro da Defesa ao revelar que discutiu abertamente a minuta golpista com membros da alta cúpula militar.

Enquanto isso, a defesa de Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Bolsonaro, interpretou o depoimento de Freire Gomes como positivo para o general, destacando que o ex-comandante não o mencionou diretamente em relação às reuniões golpistas.

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