Para Moacyr Luz, governo Bolsonaro atuou para “humilhar e esvaziar” a autoestima dos artistas

Compositor participou do “Brasil de Fato Entrevista” nesta semana e falou sobre o cenário cultural e político

Redação

Moacyr Luz tem mais de 100 canções gravadas por grandes nomes da música brasileira – Divulgação/TV Brasil

Um dos grandes nomes do samba no país, o sambista e compositor Moacyr Luz afirmou que o governo do presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro (PL) foi responsável por “humilhar” e “esvaziar a autoestima” dos artistas do país. Participante do Brasil de Fato Entrevista desta semana, Luz lembrou a importância econômica do setor cultural, ignorada nos últimos anos.

“Além de ser algo da cidadania, da identidade de um povo, a cultura também tem sua representatividade econômica. Ela gera no carnaval, por exemplo, no Rio de Janeiro, milhões [em dinheiro] para a cidade, para o estado, para o país”, lembrou.

Compositor de sucesso, com mais de 100 músicas gravadas por grandes nomes da MPB, como Maria Bethânia, Nana Caymmi, Beth Carvalho, Leny Andrade, Gilberto Gil e Leila Pinheiro, Luz é o criador do Samba do Trabalhador, que acontece todas as segundas-feiras no clube Renascença, no Rio.

“Uma micro situação do Samba do Trabalhador: eu tenho cinquenta pessoas trabalhando comigo. Fora as senhoras de uma certa idade que vendem artesanato, seu bolinho, sua cocada. Lá fora tem uns meninos vendendo cerveja, churrasquinho, doce feito pela mãe. Isso tudo é micro mas representa ajuda muito grande para as familias envolvidas”, destacou.

Em sua carreira, Moacyr Luz teve parcerias com grandes nomes do samba no Brasil, como como Martinho da Vila, Wilson Moreira, Wilson das Neves, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc. Este último foi uma das vítimas da covid 19 no país.

Ao comentar a perda do amigo, Luz lembrou que o governo Bolsonaro vetou a lei que levou o nome do artista, que foi criada para ajudar o setor cultural nos momentos mais agudos da pandemia. Para o sambista, o país viveu momentos tristes nos últimos anos.

“Isso é uma coisa que me desapontou muito, me desanimou e me entristeceu muito: o Brasil ser esse povo, esse país reacionário, que estava escondido atrás do armário, que colocou as manguinhas de fora”, lamentou.

“A gente vai ter que caminhar de novo, mas os passos serão mais largos. Lula, como presidente, não é de primeira viagem. Tem compromisso com o mundo, uma responsabilidade ecológica. Então ele sabe muito bem o que é aguardado”, complementou.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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