‘PPPs uma inovação usurpadora’

A história de Petrolina é uma história de grandeza, bem sucedida e acertada. Aqui tudo foi feito a base da equidade, justiça e bem-estar. Ninguém foi truculento e violador dos bens de ninguém.

As Parcerias Público-Privadas (PPPs), no meu entendimento, rasgam sonhos, aniquilam pactos já acontecidos e invertem a toda a história de Petrolina quanto a irrigação. O Projeto Pontal foi feito para que pessoas simples tivessem acessos aos lotes e que de operários se transformassem em proprietários. A mesma coisa aconteceu nos Projetos Maria Tereza, Ponta da Serra, Pedra Grande. O pacto era oferecer água molhada para aquelas populações.

Ainda no governo pós Fernando Henrique Cardoso aconteceu o primeiro desastre histórico em Petrolina, pois as obras do Pontal não tiveram continuação e nós passamos dez anos com os serviços de irrigação paralisados. A responsabilidade disso foi a representação política, da época, que tinha assumido o governo da cidade. O capitão dessa ação era Fernando Bezerra Coelho juntamente com Fernando Filho e Gonzaga Patriota. Esses eram os homens que tinham poder de influenciar a República para o andamento da construção do Pontal. Inclusive, nesses dez anos, presenciamos a gestão ineficaz do ex-ministro Fernando Bezerra.

Ninguém reclame de São Pedro pela seca. É para reclamar da omissão e da falta de compromisso dessa facção política que assumiu o governo em 2003 e que até hoje nada fez pela irrigação. Ninguém irá combater seca com cisterna, com caminhão pipa. Se combate seca como se combateu no projeto Maria Tereza, Nilo Coelho, Ponta da Serra. No Vale do São Francisco que tem água, solo estudado e que tem sol, o único caminho de combate a seca é a irrigação. O resto é tapeação e fantasia.

A expectativa era que os produtores, os estudantes das escolas agrotécnicas, do Sistema S, e dos cursos de Zootecnia, Medicina Veterinária, Administração e Agronomia, fossem convocados para a seleção do Pontal. No entanto, todos eles ficaram a ver navios, porque se fez a reforma agrária inversa.

Através dos investimentos na irrigação e na agricultura familiar, Petrolina se tornou o 3° PIB Agropecuário do Brasil. Hoje Petrolina também é a cidade campeã em fruticultura. Entre os dez municípios brasileiros listados, Petrolina lidera o ranking na produção de frutas.

Esse é o time que deu certo, mas resolveram transformar o país em um projeto do partido socialista brasileiro, que faz o jogo do neocapitalismo e que menospreza o sonho dos pobres em favor de um único cidadão. Não existe o modelo de PPPs em outras partes do mundo para a agricultura. Isto é uma péssima inovação e uma usurpação.

Eu considero as PPPs um roubo. Roubaram a terra dos pobres que esperaram a terra molhada. E isso não pode continuar. Temos que lutar pela reversão, pela anulação dessas ideias na agricultura. Essa ideia é de quem não sabe o que é política. Política é para servir a todos e não somente a um.

Essa maneira de doar é uma característica do ex-ministro Fernando Bezerra. Ele doou a biblioteca pública dos jovens para a justiça. Ele esqueceu que a justiça é forte e poderia conseguir um prédio próprio. Ele doou a água do São Francisco para outros estados e agora ele doou a terra que pertencia aos pobres. Ele é doador. Essa doação é a lei do menor esforço. E essa lei é irmã da preguiça.

Quando ele doou a água ele esqueceu que o sonho do Vale é irrigar todas as terras irrigáveis e transformar o território na região mais rica do mundo. Não posso me conformar com essa doação simples e com este roubo das terras do sequeiro. O homem do sequeiro já é por natureza sofrido. É um homem escasso de águas, é um homem que sonha com dias melhores. Esse sonho deve ser restabelecido. Em política não se pode errar. Quem erra em política paga caro e se o ex-ministro insistir nisso ele vai pagar caro. O eleitorado vai reprová-lo. Ele está para servir o povo e se não servir será reprovado. Creio que o Pontal, como está sendo idealizado, está errado. É uma decisão errada. Eles são filhos da seca, mas eles não querem continuar sendo filhos da seca. Eles querem ser filhos do Rio São Francisco.

Osvaldo Coelho

Ex-deputado federal por 8 legislaturas (DEM)

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